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Segurança

PF ajudará PM a apurar interferência

Corporação quer descobrir se pessoas de fora da polícia também enviaram mensagens pelo sistema de rádio para incitar policiais à paralisação de quarta

Entenda como funciona o sistema de comunicação da PM |
Entenda como funciona o sistema de comunicação da PM (Foto: )

A Polícia Federal (PF) entrou em cena após a conturbada divulgação do aumento salarial para policiais militares, que resultou na paralisação de parte do policiamento de Curitiba e região metropolitana na quarta-feira passada. A Polícia Militar (PM) solicitou, ontem, uma consultoria técnica à PF para saber se há condições de investigar a origem de interferências externas na rede de comunicação da PM. Existe a suspeita de que o sistema de rádio foi comprometido naquela noite por policiais e por outras pessoas de fora da corporação.

Segundo o coronel Jorge Costa Filho, comandante do Poli­ciamento da Capital, a PM tem condições de descobrir que policiais estiveram envolvidos com o tumulto na comunicação. Todas as conversas de rádio são gravadas, mas a falha em um sistema de identificação de equipamentos torna mais difícil descobrir de quem são as vozes e de onde vieram os sinais. Alguns procedimentos internos foram abertos ontem para apurar as interferências e para verificar se policiais deixaram de atender a ocorrências. "Tenho um porcentual de policiais envolvidos. Se alguém cometeu algum crime ou transgressão disciplinar, responderá pelos seus atos", afirmou Costa Filho.

Congestionamento

O uso desenfreado e negligente do sistema de rádio por policiais pode ter congestionado o sistema. "Várias transmissões simultâneas, em vários pontos da cidade, podem ter causado a interferência", explica o presidente da Associação dos Radioamadores do Paraná (Arpa), Marcelo Tei­­xeira. Ele também aponta ou­­­tros tipos de interferência que também podem ter afetado a comunicação da PM.

Além disso, rádios podem ser usados por qualquer pessoa para entrar nas ondas da PM e ouvir o que se passa, procedimento adotado também por veículos de comunicação para acompanhar os passos da polícia e fazer a cobertura jornalística. Contudo, aparelhos desbloqueados também abrem a possibilidade de qualquer um falar com os policiais, o que reforça a tese da PM de interferência externa. "A simples escuta não é penalizada, mas é ilegal divulgar para terceiros o que foi escutado em uma comunicação privativa", afirma Teixeira.

De acordo com a PF, o auxílio à PM não configura um inquérito ou investigação formal porque essa não é uma atribuição dos agentes federais. Trata-se de uma consultoria para esclarecer questionamentos da corporação militar. A dúvida está relacionada à possibilidade técnica de investigar pessoas que tenham entrado na frequência de rádio da PM para interferir e dificultar a comunicação. Peritos do setor técnico da PF avaliarão se há tais condições para dar o retorno à PM. "Não posso acusar ninguém (de fora) porque ainda não tenho materialidade", afirma o coronel.

Digitalização

A PM trabalha para minimizar a possibilidade de interferências. O coronel informou que a Secre­­taria de Estado da Segurança Pública (Sesp) tem programado um investimento de R$ 21 milhões para digitalizar o sistema de comunicação analógico da polícia de Curitiba e região metropolitana. Não há previsão para a mudança. "Com o sistema digitalizado, torna-se praticamente impossível qualquer interferência externa", diz Costa Filho. "Rádios digitais só podem ser acessadas por equipamentos que estejam autorizados para decodificar a mensagem transmitida", reforça Teixeira.

O coronel Costa Filho ainda explicou que a proposta apresentada pelo governo estadual foi o resultado de um trabalho de quatro anos da PM na tentativa de melhorar o salário dos policiais. Trata-se de uma proposta da própria PM. "Fizemos uma reestruturação para que todos tivessem um mesmo nível de tratamento. O que faltou foi informação. O salário é bom para corrigir distorções (salariais) históricas", afirmou o comandante.

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