Um esquema internacional envolvendo clonagem de cartões bancários e de crédito no Brasil para saques no exterior foi desarticulado pela Polícia Federal (PF) em São Paulo. Dezesseis pessoas acusadas de envolvimento neste esquema foram detidos durante a "Operação Pen Drive", deflagrada nesta quarta-feira (27). Os criminosos clonavam os cartões no Brasil e faziam os saques no exterior -principalmente na China, Rússia, Panamá e Argentina.
As prisões aconteceram no estado de São Paulo e os mais de 20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. A PF não detalhou as ações no Paraná. Entre os presos, está o chefe da quadrilha, Reinaldo Menezes do Sacramento. Ele foi detido em casa com R$ 200 mil. As investigações foram conduzidas pela Superintendência da PF do Paraná com o apoio das Superintendências de São Paulo, Santa Catarina e do Serviço Secreto Norte-Americano. A PF apurou que durante oito meses a organização criminosa financiou o desenvolvimento por engenheiros de uma placa eletrônica para captura de dados de cartões magnéticos (número e senha). A partir daí, a quadrilha corrompia funcionários de determinados estabelecimentos para que estas placas fossem trocadas pelas originais nos equipamentos usados para sacar dinheiro e pagar contas.
Cada funcionário, diz a PF, recebia de R$ 1 mil à R$ 4 mil por cada máquina adulterada e ainda retirava os dados e repassava para a organização criminosa para a gravação em cartões clonados. O sistema desenvolvido era capaz de copiar até mesmo dados dos novos cartões com microchip de segurança - tidos como a última palavra em tecnologia anticlonagem. O delegado Gilberto de Castro Júnior, responsável pela operação, disse que até representantes da bandeira Mastercard Internacional chegaram a admitir que este sistema usado pela quadrilha é o mais avançado de clonagem que se depararam.
Com os dados clonados, a quadrilha fazia os saques. O golpe renderia à organização criminosa aproximadamente R$ 1 milhão por mês. Sacramento chegava, segundo a PF, a sacar R$ 26 mil por dia. E a idéia era ampliar o "negócio".
A quadrilha, segundo a investigação da PF, teria conseguido implantar essa placa para capturar dados em máquinas em cidades dos três estados e pretendia iniciar a colocação de máquinas no Rio de Janeiro antes dos jogos pan-americanos e em outras cidades da América do Sul. Integrantes da quadrilha chegaram a realizar viagens ao exterior para estabelecer contatos com máfias locais, sendo efetuados alguns saques de contas brasileiras na China, no paraíso fiscal do Panamá e em outros países.
Durante a operação, os agentes da PF apreenderam dois mil cartões clonados, dezenas de máquinas adulteradas e R$ 300 mil em espécie. Além disso, diversos bens, empresas e até mesmo de uma loja de roupas, localizada em um grande shopping na cidade de São Paulo, adquiridos pela quadrilha foram seqüestrados.
Os presos, segundo a PF, devem responder pelos crimes de formação de quadrilha, uso de documento falso, furto qualificado, lavagem de dinheiro e outros crimes.



