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Operação Sanguessuga

PF prende 2 ex-deputados e mais 44 envolvidos em fraude

Cuiabá – A Polícia Federal prendeu 46 pessoas acusadas de provocar um rombo de aproximadamente R$ 110 milhões nos cofres públicos nos últimos cinco anos. Entre os presos pela Operação Sanguessuga estão os ex-deputados federais Ronivon Santiago (PP-AC) e Bispo Rodrigues (PL-RJ), que em setembro renunciou ao mandato para evitar a cassação no escândalo do mensalão.

Ao todo, a Justiça Federal determinou a prisão temporária de 54 pessoas em Mato Grosso, Distrito Federal, Amapá, Acre, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. Somente em Cuiabá foram presas 22 pessoas pela "Operação Sanguessuga".

Ronivon Santiago foi preso em sua casa, no Acre. Ele seria transferido ainda ontem para a superintendência da PF em Cuiabá (MT), onde está concentrada a investigação. Já o ex-deputado Bispo Rodrigues se apresentou no fim da manhã à PF em Brasília.

O esquema descoberto pela Polícia Federal consistia na venda fraudulenta de ambulâncias e odontomóveis a prefeituras municipais.

Nos cinco anos em que atuou, o grupo vendeu cerca de mil unidades com preços superfaturados em até 105%, segundo cálculos do delegado federal Tardelli Boaventura, responsável pelo inquérito.

A participação dos dois ex-deputados se dava na apresentação de emendas parlamentares que baseavam a assinatura de convênios superfaturados entre prefeituras e Ministério da Saúde. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostram os chefes do esquema comentando sobre o pagamento de propina aos dois ex-parlamentares.

Tardelli Boaventura explicou que a base da organização era formada por integrantes da família Trevisan–Vedoin, uma das mais tradicionais de Cuiabá. Proprietário da empresa Planam, Darci José Verdoin é considerado pela PF o chefe do grupo. A principal atividade da Planam é o fornecimento de ambulâncias e odontomóveis ao poder público, principalmente por meio de convênios com o Sistema Único de Saúde (SUS).

O esquema também tinha gente infiltrada dentro do governo federal. A principal ligação no Ministério da Saúde era a assessora especial Maria da Penha Lino, presa hoje em Brasília. Antes de conseguir o emprego no Ministério, ela era funcionária da Planam.

Deputados que tiveram assessores presos declararam desconhecer as acusações contra seus funcionários e procuraram afastar as atividades do servidor das do parlamentar.

Os deputados e o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB) – único senador que teve assessor preso –, afirmaram terem ficado surpresos com o envolvimento dos funcionários.

As denúncias envolvendo parlamentares em mais um esquema de corrupção, no entanto, não devem motivar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. Entre as razões, estão a desmoralização da Câmara dos Deputados, que já absolveu dez dos deputados envolvidos no mensalão, e o calendário eleitoral.

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