Curitiba Um grupo acusado de envolvimento com o tráfico internacional de entorpecentes, com atuação em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, foi desarticulado ontem em uma operação da Polícia Federal, que contou com o apoio de agentes dos três estados. Até o fim da tarde de ontem, pelo menos dez pessoas tinham sido presas em cinco cidades que serviam de base para a quadrilha. Já o total de cocaína apreendida chegava a 175 quilos.
A quadrilha é apontada pelos policiais como uma das maiores em tráfico de drogas em atuação no Brasil. A ação é considerada como a mais importante no combate ao comércio de entorpecentes desde a prisão de Fernandinho Beira-Mar, em 2001.
Um helicóptero seria o principal meio usado pelo grupo para transportar a droga. Por esse motivo, a ação da PF foi batizada como Ícaro, nome do personagem da mitologia grega que tinha o sonho de voar e ao conseguir, se aproximou demais do sol, o calor derreteu a cera que grudava as penas de suas asas e ele caiu e morreu no mar.
O esquema já era investigado há dois anos pela Coordenadoria de Operações Especiais de Fronteira na Região Sul (Coesf), sob responsabilidade do delegado Fernando Francischini, em Curitiba. A ação conjunta nos três estados brasileiros começou na manhã de ontem.
As principais bases da quadrilha estavam localizadas no interior de São Paulo, em duas fazendas situadas em zonas rurais das cidades de Gália e Pardinho.
A droga vinda provavelmente do Paraguai, pelo ar, era direcionada à chácara de Gália, próximo a Marília.
Laboratório
Lá, a pasta base de cocaína (droga pura) era refinada em um laboratório, recebendo outros produtos químicos, para depois ser distribuída e vendida. No local, foram apreendidos 70 quilos de pasta base, 80 quilos de cocaína refinada e forte armamento seis espingardas, três fuzis, 14 pistolas, um revólver e uma granada. De acordo com a PF, depois de refinado, os 70 quilos retidos poderiam render aos traficantes até 250 quilos de cocaína para ser comercializada.
Na fazenda em Pardinho, perto de Botucatu, foram encontrados 25 quilos do entropecente pronto para ser vendido. Até o final desta edição, a PF não tinha informado o total de presos nesses lugares. Entre os detidos estaria Luciano Daniel, apontado pela polícia como um dos principais traficantes do país. Ele seria o responsável por receber droga pura de cartéis bolivianos, via Paraguai, e dono de seis fazendas e diversas residências em condomínios de luxo em municípios paulistas. O patrimônio da quadrilha estaria avaliada em R$ 200 milhões.
Combustível
Em Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, os investigadores prenderam o dono de um posto de combustíveis. Segundo a PF, ele seria responsável por fornecer combustível que abasteceria o helicóptero do grupo. A polícia investiga o local que servia como base de pouso à aeronave. A identidade dele não foi divulgada.
Outro local de prisão e apreensões foi Balneário Camboriú (SC). Lá, foram encontrados um helicóptero e dois aviões utilizados pela quadrilha e preso Floriano Nolasco da Silva Junior. Ele seria piloto e proprietário das aeronaves. No município catarinense de Palma Sola, foi detido o dono de outra fazenda que servia como ponto de abastecimento de combustível. A PF vai analisar documentos retidos para traçar a rota feita pelos acusados e identificar outras pessoas envolvidas no esquema.



