
No aniversário de 76 anos de criação do Parque Nacional do Iguaçu, a população do Oeste do Paraná ganhou um novo atrativo, o Espaço Memória das Cataratas, exposição de caráter permanente e gratuito montada no Centro de Visitantes . A história da unidade de conservação está retratada ali por meio de um vasto acervo de fotografias, objetos antigos, depoimentos, painéis e documentários. Os conteúdos podem ser consultados em terminais interativos que proporcionam uma viagem pelo desenvolvimento de Foz do Iguaçu e região.
SLIDESHOW: Veja mais fotos que retratam a história do Parque Nacional do Iguaçu
Confira o número de visitantes que o Parque Nacional do Iguaçu recebe por ano
Alguns toques na tela são o suficiente para conferir relatos de pioneiros que acompanharam de perto essa história. "A ideia surgiu da necessidade de organizar e exibir um acervo próprio de fotografias, além de oferecer um atrativo cultural", explica Jorge Pegoraro, chefe do parque.
Entre os depoimentos gravados mais curiosos está o de Osminda Sanways. Ela se orgulha em dizer que perdeu a conta das vezes que participou de piqueniques próximos a um dos 275 saltos. "Ia tomar banho lá quando era moça. Sem perigo", lembra. Outro registro importante diz respeito à passagem de Alberto Santos Dumont o "pai da aviação" pela região. Em 1916, Dumont foi um dos responsáveis pela estatização do parque, então propriedade de um fazendeiro uruguaio.
De acordo com Irma Rios Pruner, o aviador chegou a colocar a vida em risco ao passar por lá. "Meu avô ficou nervoso porque ele (Santos Dumont) foi até a Garganta do Diabo em cima de uma tora úmida. Quando voltou, disse-lhe que havia cometido uma imprudência, mas Dumont respondeu-lhe que as alturas não o intimidavam. Na ocasião, teria declarado que aquele patrimônio não poderia pertencer a uma única pessoa, muito menos a um estrangeiro."
Usando de sua influência, Santos Dumont conseguiu que o governo do Paraná desapropriasse as terras, declarando-as de utilidade pública. Como homenagem pela sua contribuição, em 1979 ganhou uma estátua perto do local que havia visitado 63 anos antes.
Memórias
"Todas as histórias são importantes e as memórias reunidas nos levam a uma viagem cheia de detalhes, que não encontramos nos livros de história", destaca Lígia Basso, coordenadora técnica do projeto. Ela lembra que o acervo pode ficar ainda mais rico com a participação popular. "A comunidade pode continuar participando ao ceder ou emprestar fotografias antigas do parque e também dos municípios lindeiros, de modo a ampliar o acervo fotográfico, oral e escrito".
O Espaço da Memória das Cataratas conta com investimentos da concessionária Cataratas do Iguaçu S.A e contribuições da Itaipu Binacional e do Fundo Iguaçu.
O projeto foi lançado oficialmente em 2009, quando o Parque Nacional do Iguaçu completou 70 anos. "Havia a necessidade da continuidade do projeto. Isso se consolidou com a implantação de um local permanente, com capacidade de abrigar todo o acervo e de ficar à disposição da comunidade e dos visitantes do parque", reforça a pesquisadora.
Recordes
A gestão do Parque Nacional do Iguaçu é uma experiência pioneira no Brasil. Em 2010, foi reconhecida como modelo para outras unidades de conservação. O público aprova. Ano após ano, o local quebra recordes de visitação. Em 2014, atingiu a marca de 1.550.607 brasileiros e estrangeiros, procedentes de 172 países. A marca firma o local como um dos espaços mais visitados de todo o território nacional.
Sem medo de água
Mostra em Foz do Iguaçu é composta por fotos doadas ou emprestadas por famílias que ocupavam a região na primeira metade do século 20. Proximidade com as quedas impressiona, mostrando que o uso do local acontecia sem cerimônia









