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Curitiba

Plano prevê novas vagas de residência médica

Secretaria de Saúde da capital pretende ofertar especializações em Medicina da Família e Psiquiatria, áreas estratégicas para o município

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A Secretaria de Saúde de Curitiba articula uma ação para ampliar o número de vagas de residência médica na cidade. As especialidades tratadas como prioritárias são as de Medicina da Família e Psiquiatria. O objetivo é qualificar o atendimento e ter mais profissionais que atuem em Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e no Programa Saúde da Família (PSF), caracterizado pela implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde.

O projeto de ampliação será encaminhado aos ministérios da Saúde e Educação e ainda não é possível determinar quantas vagas serão ofertadas. "Queremos ter esse projeto apresentado e aprovado até o fim do 1.º trimestre", afirma o coordenador da área na secretaria, Paulo Poli Neto. Atualmente apenas a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) oferece residência em Medicina da Família na capital, com 12 vagas. "Temos outras universidades que disponibilizam vagas para cidades da região metropolitana", destaca.

O objetivo do plano é transformar a secretaria em uma espécie de instituição de ensino. "O estudante de Medicina que se forma poderá cursar a residência pela própria secretaria. Temos profissionais de saúde gabaritados para dar a devida orientação e qualificação", salienta o coordenador.

Demanda

A escolha pelas áreas de Saúde da Família e Psiquiatria se justifica pela própria demanda do município. O número de Caps deve ser ampliado na atual gestão, pois existe um déficit de pelo menos quatro centros destinados ao tratamento de usuários de álcool e drogas (Caps-AD) no município. Além disso, a promessa é transformar dois Caps II em centros de atendimento 24 horas, os chamados Caps III.

Em relação à Saúde da Família, Poli Neto ressalta que poucos profissionais se especializam na área. "Na Europa, no Canadá e na Austrália, os médicos só podem atuar em programas como o Saúde da Família se tiverem especialização. No Brasil, das 33 mil equipes de PSF, somente 2 mil possuem especialistas", afirma.

Segundo o presidente da Comissão Estadual de Residência Médica do Paraná, Adriano Maeda, a medida é benéfica tanto para a sociedade quanto para os médicos. "A residência é um aprendizado teórico e prático. E o médico residente poderá ajudar no atendimento à população", afirma.

Quem também enxerga a iniciativa com bons olhos é o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), João Carlos Baracho. No entanto, ele cobra que a residência seja qualificada. "A supervisão deve ser tratada como prioridade. O residente precisa ter um médico experiente como orientador", enfatiza.

Estudantes recebem bolsa de R$ 2,3 mil

O presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), João Carlos Baracho, não considera que a iniciativa da Secretaria de Saúde de Curitiba seja uma mera forma de o poder público obter médicos de "forma mais barata", utilizando a mão de obra dos estudantes. "Não é esse o objetivo. Mesmo porque há postos de trabalho que devem obrigatoriamente ser preenchidos por médico formado e, se for o caso, com especialização", ressalta.

Ele avalia que o interesse maior é promover qualificação profissional. "Há uma demanda para essas áreas que precisa ser preenchida", comenta. A bolsa concedida ao médico residente é de aproximadamente R$ 2,3 mil e o benefício é fornecido pelo governo federal.

Baracho acredita que o fato de poucos médicos formados terem oportunidade de cursar uma especialização corrobora para o município ofertar novas vagas de residência. "Cerca de 40% dos médicos que se formam no Brasil conseguem fazer residência. 60% ficam sem ter uma especialidade para atuar. Isso abre espaço para uma necessidade de profissionais na saúde pública", constata.

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