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O policial militar não pode fazer bico de segurança no horário de folga nem receber benefícios em troca de rondas mais freqüentes. A proibição parte dos mais altos escalões da corporação, embora a Gazeta do Povo tenha ouvido quem contrate militares para ambos os casos. "Se um policial trabalha nas horas do contraturno, isso é ilegal, o caso deve ser denunciado e o policial punido. Já no caso em que policiais favorecem determinadas regiões, comércios ou moradores, a situação é ainda mais grave, implica em corrupção, é desvio de conduta", diz o Secretário da Segurança Pública do Paraná (Sesp), Luiz Fernando Delazari.

Já o capitão Antônio Zanatta Neto, da Comunicação Social da Polícia Militar, considera um absurdo os policiais fazerem bicos em estabelecimentos comerciais, "Isso é ilegal. Não sei se posso chamar essas pessoas de policiais militares. Nós não pactuamos com esse tipo de atitude. Se um policial faz um bico, ele vem para o trabalho cansado e não vai estar em condições de atender a sociedade, que paga os impostos e precisa do trabalho dos policiais", explica. Ainda assim, a jornada dupla é uma realidade.

Segundo o presidente da Federação de Vigilantes do Estado do Paraná e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares, é um engano pensar que o militar está melhor treinado para atuar na segurança privada. Já para a pesquisadora Viviane de Oliveira Cubas, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), os policiais contratados para atuar fora do horário de serviço estão muito mais vulneráveis à violência por estarem sozinhos, sem equipamentos e sem o reforço dos companheiros.

A prática é antiga, segundo o promotor da Justiça Militar e membro do Ministério Público da União Jorge César de Assis, policial militar por 20 anos. "Muitos faziam bicos para complementar a renda", diz. "Os policiais têm que ganhar bem. Se eles recebem pouco, trabalham descontentes. Aí entramos no problema de ele oferecer o que sabe fazer e acaba vendendo segurança", ressalta.

Segundo Assis, essa prática pode levar à criação de milícias como as do Rio de Janeiro, que cobram pedágios nos morros em troca de segurança. No Paraná ainda não há algo parecido, segundo a Polícia Federal. Por precaução, a polícia trabalha para eliminar as empresas clandestinas para evitar que se chegue a esse ponto, diz o delegado titular da Delegacia Especializada em Segurança Privada da Polícia Federal no Paraná, Marco Antônio Coura.

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