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PROTESTO

PM não teve como deter black blocs

Segundo coronel, número de policiais era pequeno no momento em que os manifestantes atacaram agências bancárias em Curitiba

Manifestação terminou com quebra-quebra no Centro de Curitiba. Agências bancárias viraram alvo principal | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Manifestação terminou com quebra-quebra no Centro de Curitiba. Agências bancárias viraram alvo principal (Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo)
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O responsável pela operação da Polícia Militar (PM) na Copa do Mundo, coronel Milton Fadel, afirmou ontem que, no momento da ação dos black blocs, que promoveram quebra-quebra no Centro de Curitiba no fim da tarde de segunda-feira, o contingente de policiais estava em número menor que o número de manifestantes.

Por isso, segundo ele, a polícia não conteve a passagem dos manifestantes pela Avenida Marechal Floriano Peixoto em direção às agências bancárias na região da Praça Carlos Gomes, onde destruíram lojas, bancos e mobiliário urbano. De acordo com o coronel, há protocolos que os policiais precisam seguir. Um deles é aguardar reforço quando estiver em menor número. "A partir do momento que a tropa de controle de distúrbio civil chegou, deu tudo certo", disse. Segundo ele, em um cenário ideal, espera-se que haja um número igual de policiais e manifestantes para haver um maior controle sobre o protesto.

Segundo Fadel, os manifestantes têm uma mobilidade que, eventualmente, não é acompanhada pela polícia porque os policiais precisam seguir a lei, como as regras de trânsito. Quando perguntado, contudo, sobre o porquê de não haver uma escolta policial pedestre para acompanhar a manifestação de perto, o Coronel informou que uma distância mínima era necessária "em virtude dos acontecimentos do ano passado", ou seja, em relação ao confronto com os manifestantes nas jornadas de junho em Curitiba.

"Existe um delay próprio para quem obedece às regras sociais e legais para aqueles que não", comenta o oficial. Apesar disso, ele afirmou que a PM conseguiu conter os manifestantes e vai continuar com a mesma estrutura planejada em relação às ações dos black blocs durante a Copa do Mundo em Curitiba.

Mobilizados

Entretanto, foi possível ver, durante a passeata, que a tropa de choque estava sempre posicionada um quarteirão atrás dos manifestantes. Ao longo do caminho, a reportagem observou vários pontos onde policiais estavam mobilizados e nada foi feito.

"Não vai haver uma preparação mais especial, além daquela que já foi planejada. Aprendemos com as manifestações do ano passado e estamos mais preparados agora. Além disso, temos mais tecnologia neste ano", argumentou Fadel. Segundo ele, havia uma série de entidades que acompanhavam os manifestantes, que fiscalizavam a ação da PM.

Para o delegado federal e coordenador da pós-graduação em Segurança Pública da Unicuritiba, Algacir Mikaloviski, a ação da polícia foi inadequada pois não pôde prevenir as ações de vandalismo. "Pode ser que tenham atrasado o confronto policial porque esse tipo de embate tende a ser hiperbolizado [exagerado], mas o fato é que houve a perda do timing [tempo de reação] policial". No caso dos policiais que deixaram os manifestantes passar, ele também é taxativo: "O certo seria pedir o reforço do ponto de vulnerabilidade, e não abrir passagem."

Reintegração no Recife acaba em tumulto

Folhapress

A reintegração de posse de uma área no cais José Estelita, no centro do Recife, terminou na manhã de ontem em confusão entre ativistas e a Polícia Militar. Qua­­tro pessoas foram detidas, outras três se feriram e os manifestantes acusam a PM de ter usado chicotadas contra eles na ação, o que é negado pela polícia.

O cais estava ocupado há quase um mês e ficou conhecido nacionalmente após o movimento Ocupe Estelita. Os ativistas acamparam no local para protestar contra um projeto de empreendimento imobiliário na área de 100 mil m² (equivalente a dez campos de futebol) à margem do Rio Capibaribe.

O Batalhão de Choque, o Regimento da Polícia Montada e a Companhia Independente de Policiamento com Cães da Polícia Militar chegaram ao cais por volta das 5h15 para retirar os cerca de 30 ativistas. O grupamento policial fez um bloqueio no local. Segundo os ativistas, os acampados dormiam quando a PM chegou e houve uso excessivo da força para a retirada. Foram usadas bombas de gás lacrimogêneo.

Alguns manifestantes afirmaram que foram atingidos por chicotadas dadas por policiais da cavalaria. De acordo com eles, a reintegração foi ilegal porque, no momento em que a polícia chegou, eles haviam corrido para a área da linha férrea, que está sob a responsabilidade da União, e não do Novo Recife, consórcio composto por várias empresas que conseguiu a decisão judicial.

Quatro pessoas foram detidas por incitação à violência e desobediência a ordem judicial. Uma manifestante asmática passou mal por causa dos efeitos da bomba de efeito moral e foi encaminhada a um hospital público de Olinda. Outros dois ativistas se feriram, segundo o movimento.

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