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A Delegacia de Homicídios (DH) começou, nesta quinta-feira (17), a ouvir os policiais militares que atenderam os locais de crimes atribuídos ao ex-comandante do Corpo de Bombeiros, coronel reformado Jorge Luiz Thais Martins. Suspeito de ter cometido nove homicídios e baleado outras cinco pessoas, o coronel foi posto em liberdade na tarde de quarta-feira (16), depois de ter permanecido 19 dias preso.

Os dois policiais que prestaram depoimento atenderam um duplo homicídio ocorrido na madrugada do dia 8 de agosto de 2010, quando foram mortos Emerson Milício Cardoso e Rosana Machado, que seriam usuários de drogas. Na oitiva, os PMs disseram que não havia cápsulas de projéteis no local do crime, logo, os policiais negaram que tenham recolhido os materiais.

A afirmação dos PMs contraria a versão de testemunhas. Moradores da Vila da Rocinha, onde os crimes ocorreram, ouvidos pela Gazeta do Povo ? em matéria publicada no dia 29 de janeiro ? apontaram que os policiais haviam adulterado a cena do crime, pegando as cápsulas minutos depois do duplo homicídio. Essas testemunhas também apresentaram informalmente o fato à polícia, mas, segundo a DH, não quiseram depor oficialmente, com receio.

?Essa questão só será bem resolvida quando concluirmos as oitivas de todos os policiais militares e quando recebermos os laudos de locais de crime do Instituto de Criminalística (IC)?, disse o delegado Cristiano Augusto Quintas dos Santos. Ao todo, dez PMs serão ouvidos. A polícia pretende concluir a tomada destes depoimentos na próxima semana.

Os crimes atribuídos ao coronel estão divididos em cinco inquéritos policiais. O delegado pretende concluir até o fim deste mês o referente a um duplo homicídio ocorrido no dia 10 de novembro. Foi a partir deste crime que as suspeitas recaíram sobre o coronel Martins, depois que um sobrevivente do ataque prestou depoimento e reconheceu o ex-comandante em fotos.

Liberdade

O coronel foi posto em liberdade, no fim da tarde de quarta-feira (16), depois que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) deferiu o habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado pela defesa do coronel na terça-feira (15). O despacho foi assinado pelo desembargador Campos Marques, que considerou que a manutenção da preventiva implicava no ?constrangimento ilegal? do coronel. No pedido, a defesa argumentou que o ato que determinou a prisão está ?carente de fundamentação? e que não há indícios quanto a autoria dos crimes imputados ao ex-comandante.

Bombeiro

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O caso

O coronel Martins é considerado suspeito de ter cometido cinco ataques, em que nove pessoas morreram e cinco foram baleadas, totalizando 14 vítimas. Os crimes ocorreram entre o dia 8 de agosto de 2010 a 14 de janeiro deste ano. Todos os atentados foram cometidos no bairro Boqueirão, próximo ao local onde o filho de Martins foi assassinado, em outubro de 2009. Os ataques começaram depois que dois usuários de drogas, suspeitos de ter matado o filho do coronel, foram postos em liberdade. Segundo a polícia, nenhuma vítima dos ataques tem qualquer relação com a morte do rapaz.

O ex-comandante dos Bombeiros foi preso no dia 28 de janeiro. Dias depois da prisão, a polícia realizou uma seção de reconhecimento, das quais participaram nove pessoas ? entre sobreviventes e testemunhas. A DH confirmou que houve reconhecimento, mas não divulgou o resultado do procedimento. Fontes ligadas à Polícia Civil ouvidas pela Gazeta do Povo confirmaram que todas as pessoas reconheceram Martins.

Veja o mapa com a localização de cada crime

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