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assassinatos em série

Polícia derruba tese de defesa de coronel

Advogados argumentam que sequência de crimes foi cometida por PM, mas investigação diz que não há registro de caso semelhante

Delegado ouviu novas testemunhas, que apontaram que suspeito rondou local do crime | Osvaldo Ribeiro/SECS
Delegado ouviu novas testemunhas, que apontaram que suspeito rondou local do crime (Foto: Osvaldo Ribeiro/SECS)

Um dos principais argumentos da defesa do ex-comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel reformado Jorge Luiz Thais Martins, 56 anos, foi derrubado ontem pela polícia. Desde o fim de semana, os advogados sustentam que os crimes atribuídos ao coronel foram cometidos por um policial militar que também teve um parente assassinado. Contudo, um levantamento concluído pela Delegacia de Homicídios (DH) aponta que não há qualquer registro de assassinato com as características especificadas pela defesa do ex-comandante.

"Se por acaso existe [o caso descrito pela defesa], o advogado do suspeito deve peticionar à polícia, informando sobre este crime e essas pessoas", disse o delegado Cristiano Augusto Quinta dos Santos, responsável pelas investigações.

O argumento dos advogados sustenta que o autor dos crimes seria um policial militar que teve um familiar assassinado por usuários de drogas com golpes de chave de fenda, entre o fim de 2009 e o início de 2010, no bairro Boquei­rão. O PM teria jurado matar os "viciados" da região como forma de vingança. Para a defesa, testemunhas e sobreviventes estariam confundido o coronel com esse policial, uma vez que Martins teve o filho assassinado em outubro de 2009, no mesmo bairro. A série de atentados começou depois que dois acusados de terem matado o filho do coronel foram libertados.

O levantamento feito pela polícia levou em conta todos os homicídios ocorridos em toda Curitiba entre outubro de 2009 até o fim de janeiro deste ano. De acordo com o delegado, a pesquisa deu ênfase ao mês de agosto de 2010, quando começaram os atentados dos quais Martins é suspeito. "Pelas evidências que temos, o coronel permanece como o principal suspeito, mas, evidentemente, isso pode mudar no curso das investigações", concluiu.

O advogado do coronel, Sílvio Micheletti, minimizou o resultado do levantamento feito pela DH e afirmou que o fato não muda a estratégia de defesa. Ele apontou que a menção ao PM que supostamente teve um familiar assassinado consta no inquérito, no depoimento de uma testemunha ouvida pela polícia. "O próprio coronel chegou a mencionar este caso porque isso se encontra nos autos. Agora, a gente não sabe se o autor desses crimes é um policial, se é um justiceiro ou mesmo se esses crimes têm conexão. [Provar] isso cabe à polícia", disse.

Novas testemunhas

Ontem, a polícia afirmou oficialmente que, na terça-feira, testemunhas reconheceram o coronel como autor dos crimes. "Preten­demos ouvir outras testemunhas. Não podemos afirmar quantas reconheceram o suspeito, para não induzir as outras pessoas em outros procedimentos", disse Santos. Entretanto, fontes ouvidas pela Gazeta do Povo apontaram que nove testemunhas (quatro delas sobreviventes dos crimes) reconheceram Martins. A polícia iniciou o levantamento de novas testemunhas que serão intimadas a depor e farão o reconhecimento fotográfico e pessoal do coronel Martins.

O advogado do coronel disse ontem que Martins está proibido judicialmente de conceder entrevistas, enquanto estiver preso. "A decisão foi tomada pela Justiça para que se mantenha a ordem no caso, mas, assim que for revogada esta prisão, o coronel vai se pronunciar", declarou o advogado.

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