Familiares de mais quatro supostas vítimas do pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, 41, foram contatados, segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes. A expectativa é que os parentes auxiliem na identificação dos corpos.
Desde sábado (26), seis vítimas foram encontrados nas proximidades da casa do suspeito, na favela Alba, zona sul de São Paulo.
As mortes dessas quatros vítimas ocorreram entre três meses e um ano atrás. Todas eram mulheres com idades entre 18 e 40 anos, segundo informações do médico legista Paulo Tieppo, do IML (Instituto Médico Legal).
A série de mortes sob suspeita atraiu parentes de desaparecidos à casa do pintor. Com o apelo da polícia, familiares de desaparecidos estiveram na quinta-feira (1º) no 35º DP (Jabaquara) para reconhecer as roupas apreendidas durante buscas realizadas na casa do pintor.
“Queremos que as pessoas que têm familiares desaparecidos evitem a ansiedade nesse momento. As famílias já foram contatadas, serão feitos exames e chegaremos a uma conclusão. Caso alguma família seja descartada, continuaremos as investigações para identificação das vítimas”, afirmou Moraes.
Serão coletadas amostras de material genético de parentes para uma comparação com o DNA das vítimas encontradas no local do crime. As confirmações sobre a identidade das mulheres poderão ser divulgadas na próxima semana. “As famílias já se comprometeram a trazer os exames necessários para que sejam feitas as comparações”, afirmou Tieppo.
Informações iniciais apontavam que uma sétima vítima teria sido encontrada. A hipótese, porém, foi descartada após perícia.
Até o momento, apenas dois casos foram solucionados. Foram identificados a estudante Renata Christina Pedrosa Moreira, 33, desaparecida desde janeiro, e Carlos Neto Alves de Matos Júnior, 21, que desapareceu em setembro.
Versão sem credibilidade
O suposto “serial killer” disse, em depoimento, que matou as cinco mulheres porque tinha medo de que contassem a traficantes de uma facção criminosa ‘rival’ que ele vendia drogas. A polícia diz que a versão de Oliveira é invenção e ainda apura a motivação dos crimes. “É um motivo completamente sem nexo, não acreditamos nessa versão”, afirmou Moraes.
A justiça decretou prisão preventiva do pintor por 30 dias. Oliveira já havia sido preso anteriormente por homicídio e roubo, tendo cumprido pena por 19 anos. Ele estava morando na favela Alba há um ano e meio.
“Com seis homicídios qualificados e mais a ocultação de cadáver desses seis casos, ele pegaria pena mínima de 80 anos. Como no Brasil o máximo que uma pessoa pode cumprir de pena são 30 anos, obviamente, confessando outros crimes, ele não vai pegar uma pena maior, devido a essa limitação do nosso código”, concluiu Moraes.
Outros crimes
Nesta quinta, o delegado Jorge Carrasco revelou que a polícia deve agora investigar possíveis novos crimes cometidos por Oliveira. Uma jovem que teria sofrido uma tentativa de assalto pelo pintor foi à delegacia prestar depoimento. Ela disse que foi abordada em uma rua próxima da favela e que ele estaria armado com uma faca. Outras duas mulheres, uma delas que teria sido estuprada por ele, também serão ouvidas.
A vida criminal do pintor Jorge de Oliveira começou no dia 26 de fevereiro de 1994, quando, já morador da favela Alba, matou a tiros um rival após uma discussão por conta do pagamento e recebimento de drogas.
Ele fugiu. Em 13 de maio de 1995, outra acusação de homicídio envolvendo venda de drogas. Foi preso e, em julho de 1996, condenado a 18 anos de prisão.
Como participou de confusões por presídios por onde passou, acabou cumprindo, no total, 19 anos de pena. Foi libertado em fevereiro de 2014.



