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NARCOTRÁFICO

Polícia Federal abateu avião de Abadía

PF confirma que Aeroporto do Bacacheri, em Curitiba, serviu de base para o transporte de drogas

Confira o gabarito |
Confira o gabarito (Foto: )

São Paulo – Aviões da quadrilha do traficante de drogas colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía transportaram maconha, cocaína e dinheiro pelo espaço aéreo do Brasil. Um deles foi abatido a tiros por agentes da Polícia Federal, em 2005. Os disparos mataram o piloto Alcides Correa da Costa, a primeira vítima da Lei do Abate. A aeronave, o bimotor Piper Azteca prefixo PT-KNC, estava registrada em nome do piloto.

Costa foi um dos primeiros contatos de Abadía no Brasil. Em 2003 o colombiano fugiu de seu país em um veleiro e desembarcou em Fortaleza (CE). Ali, ele era aguardado por Costa e por seu amigo o também piloto André Luiz Telles Barcellos, preso na terça-feira pelos federais e acusado de ser o chefe da célula do Rio Grande do Sul do Cartel do Norte do Valle, organização colombiana que domina o tráfico de cocaína e heroína para os EUA. Barcellos e Costa pilotaram o avião que trouxe Abadía de Fortaleza até Barretos (SP), onde o colombiano desembarcou. Dali ele rumou para Curitiba (PR), onde morou até se transferir para Porto Alegre (RS). Há oito meses, Abadía vivia em um condomínio em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo.

Foi em sua estada no Paraná que a PF o detectou pela primeira vez no Brasil. Um avião bimotor acidentou-se no aeroporto Bacacheri, em Curitiba, sem que ninguém se ferisse. O caso passaria despercebido se dentro da aeronave não tivesse sido achada uma grande quantia em dinheiro. Isso levou os homens chefiados pelos delegados Fernando Franceschini e Jaber Saadi a investigar.

Em abril de 2005, os federais descobririam que o bando se preparava para trazer maconha e cocaína para o Brasil. Às 10h30 do dia 18 daquele mês, o Piper Azteca de Costa decolou do aeroporto de Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai. Detectado pelo Cindacta-2 (Curitiba), o avião não tinha plano de vôo, mas deixou o espaço aéreo brasileiro e entrou no paraguaio para escapar da Lei do Abate, até chegar a Tacuarembó, no Uruguai.

Ali foram jogados 500 quilos de maconha e 30 de cocaína. Em seguida, o avião voltou ao Brasil para pousar em uma pista na zona rural de Santana do Livramento (RS). Costa foi surpreendido por uma força-tarefa formada por federais e policiais militares. Assustado, taxiou em direção à cabeceira. Nesse momento, descia em sentido contrário um avião da Brigada Militar. Os policiais atiraram no Azteca para impedir que ele fugisse, o que poria em risco o avião dos militares. Costa foi morto com dois tiros. O avião, que já estava no ar, caiu, mas não explodiu. Na queda, o co-piloto Lauter Veroni Rejensk feriu uma costela e o pé direito.

Depois desse episódio, a PF rastreou três outras aeronaves usadas pelo cartel no Brasil. Uma delas foi deixada por Barcellos no Aeroporto do Campo Marte, em São Paulo, para manutenção, em março de 2006. Era um Beech Aircraft B90 avaliado em US$ 750 mil. O grupo cogitou montar uma empresa de táxi aéreo no aeroporto. A suspeita é de que ela serviria como fachada segura para os negócios no país. Os papéis em poder da procuradora da República Karen Kahn mostram que, apesar de nenhum quilo de droga ter sido apreendido no Brasil, o grupo lavava o dinheiro do tráfico por aqui.

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