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Segurança Pública

Polícia investiga fraude em “recall” de 11 mil coletes balísticos no Paraná

Investigação aponta que empresa contratada pela Secretaria de Segurança teria usado material inadequado no procedimento e adulterado prazo de validade. 7 mil equipamentos haviam passado pelo reparo e sido devolvidos aos policiais quando o esquema foi descoberto

Perícia “reprovou” coletes recauchutados e mostra o impacto que disparos provocariam no corpo humano | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Perícia “reprovou” coletes recauchutados e mostra o impacto que disparos provocariam no corpo humano (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

A Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) investiga irregularidades no “recall” de 11.240 coletes balísticos das polícias do Paraná, realizado no galpão de uma empresa na região metropolitana de Curitiba. Segundo as investigações, o procedimento chegou a ser feito em mais de sete mil coletes, que já foram repassados a policiais militares – o efetivo da PM do Paraná é de 18,7 mil policiais. Além de receber apenas uma malha de reforço, o equipamento era adulterado com etiquetas falsas, de modo a estender em um ano sua data de validade. Exames balísticos realizados em lotes apreendidos comprovaram que o material estava “reprovado” para o uso.

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O caso veio à tona no dia 31 de março, quando uma operação conjunta entre a Deam e o Exército chegou a um barracão da empresa Algemas Brasil, em Almirante Tamandaré, onde o material era recauchutado. No local, foram apreendidas 3 mil placas de aramida – um tecido sintético usado neste tipo de equipamento – e cerca de 500 coletes das polícias do Paraná. Também foram localizados 500 novos revestimentos, que continham as etiquetas falsas, com o mesmo número de série e data de fabricação do colete original, mas com a validade acrescida em um ano.

Parte dos coletes apreendidos estava vencida e parte, em vias de vencer. Na quinta-feira (7), a Deam realizou um exame pericial em amostras do equipamento, que comprovou que o material estava “reprovado” para uso. Ao longo do teste, disparos chegaram a perfurar os coletes recauchutados ou produziram impactos capazes de levar uma pessoa a óbito.

“Mesmo os disparos que não atravessam o colete, causam traumas com força suficiente para fraturar ossos ou, se atingir o peito, causar uma parada cardíaca. O policial que estiver com um desses e for atingido em confronto está morto”, definiu o delegado Vinícius Borges Martins, responsável pelas investigações.

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Os coletes foram fabricados pelo Grupo Inbra, de onde o material teria saído para ser recauchutado nos barracões da Algemas Brasil. Segundo a polícia, no entanto, a Algemas Brasil não possui Relatório Técnico Experimental (Retex) e Título de Registro (TR), documentos exigidos para efetuar procedimentos em coletes balísticos.

Validade

A violação da validade dos coletes infringe a portaria nº 18/06 do Exército, que regulamenta os produtos de uso controlado. A norma explicita que a validade dos coletes é “improrrogável” e que os coletes vencidos devem ser destruídos. O material não pode, em hipótese nenhuma, ser reaproveitado. “Temos a documentação de 1.250 coletes que estavam vencidos e que foram recauchutados”, apontou o delegado.

Delegado manuseia amostra de coletes apreendidos para exame pericial | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Delegado manuseia amostra de coletes apreendidos para exame pericial

Revestimentos apreendidos tinham mesmo número de série, mas diferença de um ano quanto à validade do produto | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Revestimentos apreendidos tinham mesmo número de série, mas diferença de um ano quanto à validade do produto

Perito prepara projétil para perícia, de acordo com padrões legais | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Perito prepara projétil para perícia, de acordo com padrões legais

Por ter a mesma densidade do corpo humano, a plastilina (material azul) é usado para simular o impacto que os disparos causariam em uma pesso | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Por ter a mesma densidade do corpo humano, a plastilina (material azul) é usado para simular o impacto que os disparos causariam em uma pesso

Colete é afixado na plastilina e, então, o perito dispara a uma distância de cinco metros | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Colete é afixado na plastilina e, então, o perito dispara a uma distância de cinco metros

Projétil perfurou colete periciado | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Projétil perfurou colete periciado

Perfuração no colete avaliado | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Perfuração no colete avaliado

Delegado mostra as condições em que o colete ficou depois de seis disparos. Ao fundo, plastilina indica como ficaria o corpo da pessoa que usasse o colete | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Delegado mostra as condições em que o colete ficou depois de seis disparos. Ao fundo, plastilina indica como ficaria o corpo da pessoa que usasse o colete

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