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Governo segue com transferências mesmo com protesto de agentes

Logo depois do fim do protesto de agentes penitenciários, que fechou os portões do Complexo Penal de Piraquara na manhã desta quarta-feira (14), 52 detentos de delegacias da região de Curitiba foram transferidos para o local. A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) pretende transferir 52 presos por dia para o complexo, de modo a cumprir a promessa de, em até 60 dias, tirar 1,2 mil presos das unidades policiais de Curitiba e região metropolitana e levar ao sistema prisional do estado. A medida encontra resistência dos agentes, que dizem que não há estrutura suficiente para comportar tantas transferências e temem "um novo Carandiru".

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Em assembleia na noite desta quarta-feira (14), os policiais civis do Paraná decidiram não entrar em greve. Eles ameaçavam a paralisação desde o início da semana, depois da morte de um agente de cadeia durante a fuga de detentos da Delegacia de Colombo. Na terça, delegacias ficaram parcialmente fechadas para atendimento à população em protesto contra o crime. Pressionado, o governador Beto Richa (PSDB) anunciou, ao longo da semana, duas medidas que amenizaram a revolta da classe: o esvaziamento das delegacias de Curitiba e região em até 60 dias, com a transferência dos detentos para o sistema prisional, e a contratação de mais profissionais.

Os avanços foram classificados pelo Sindicato das Classes Policiais do Paraná (Sinclapol) como um "primeiro passo". Os policiais ainda estão insatisfeitos com a situação das delegacias do interior – que não foram contempladas no decreto que ordena as transferências de presos. Eles pretendem visitar as comarcas com situação mais delicada na próxima semana para "denunciar" o que se passa ali dentro.

"Só se fala dos presos da região metropolitana e capital, mas temos problema nas delegacias do interior também. Nossa preocupação é com os 10 mil presos do estado, e não só mil e pouco da região de Curitiba", afirmou o presidente do Sindicato das Classes Policiais do Paraná (Sinclapol), André Gutierrez. Esse ponto será cobrado das secretarias de Segurança Pública (Sesp) e da Justiça (Seju) em reunião marcada para a próxima segunda-feira (19). Também será pedido que os delegados tenham o poder para escolher quais detentos serão transferidos primeiro das delegacias.

Novas contratações

À tarde, o governador Beto Richa (PSDB) anunciou a contratação de 75 novos delegados. Com isso, as cerca de 50 delegacias do estado que estavam sem titulares – nas contas do governo – receberão delegados e o Paraná teria, pela primeira vez, delegados em todas as comarcas. Também serão convocados 413 novos investigadores e 48 papiloscopistas, que foram aprovados em concurso ainda de 2009. A última contratação de delegados no Paraná havia sido em 2010.

Com os novos profissionais, o Paraná passaria para o 4.º lugar entre os estados com pior proporção entre o número de delegados e a população do estado - ele liderava o ranking. Em março, um levantamento da Gazeta do Povo com dados da Associação de Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) mostrava que havia apenas um delegado para cada 30,9 mil habitantes. Com os novos delegados, a proporção ficaria em um delegado para cada 25,5 mil habitantes, passando na frente de Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Ceará.

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