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Investigadores, escrivães e delegados reunidos na Sociedade Universal, em Curitiba, aprovaram indicativo de greve: paralisação deve iniciar 48 horas após a comunicação oficial ao governo do estado | Fábio Alexandre/Tribuna do Paraná
Investigadores, escrivães e delegados reunidos na Sociedade Universal, em Curitiba, aprovaram indicativo de greve: paralisação deve iniciar 48 horas após a comunicação oficial ao governo do estado| Foto: Fábio Alexandre/Tribuna do Paraná

Outro lado

Classe já recebeu aumento em 2010, diz secretário

Kátia Brembatti

O secretário estadual de Administração, Luiz Eduardo Sebastiani, justificou à reportagem que o governo não suporta, em uma tacada só, pagar a defasagem salarial dos policiais acumulada há vários anos. Outra alegação é de que todos os profissionais da área de segurança pública receberam, em maio do ano passado, a reposição inflacionária de 6,5%. Com base na afirmação de que os cargos mais altos da Polícia Militar receberam aumento salarial desproporcional aos postos mais baixos em 2010, a gestão estadual enfatiza que, nas negociações, está priorizando a recuperação salarial na base das corporações. Sebastiani declara que o governo está dentro da faixa de limite máximo de gastos com pessoal.

  • Cerca de 60 policiais e parentes de PMs fizeram um protesto com velas acesas em frente da sede do Executivo paranaense

Policiais civis do Paraná reunidos em assembleia aprovaram ontem à noite, em Curitiba, um indicativo de greve e prometeram se rebelar em pleno feriado de carnaval. Os agentes ficaram insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial divulgada pelo governo do estado, que prevê 26% na remuneração inicial dos policiais. Também ficou definido o início de uma operação-pa­drão nas delegacias e nos distristos policiais.

"A base se sentiu desprezada e ultrajada pelo governo do estado. Cumprimos o nosso compromisso de negociar até o fim, mas as negociações terminaram com a apresentação dessa tabela [de reajustes]", disse André Gutierrez, presidente da As­­so­­ciação das Classes Policiais Civis (Sinclapol).

Hoje pela manhã, o sindicato deve comunicar oficialmente o indicativo de greve ao governo do estado, à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e ao Departamento da Polícia Civil. Segundo Gutierrez, a paralisação começa efetivamente 48 horas depois deste aviso. Como se trata de serviço básico, 30% do efetivo deve ser mantido durante a greve, em regime de escalas.

Paralelamente, desde a madrugada de hoje, os policiais civis já trabalham em operação-padrão. Na prática, isso significa que os agentes só executarão funções definidas no estatuto da corporação. Serviços como guarda de presos, flagrantes ou atendimentos em locais de crime sem a presença de um delegado não serão realizados pelos policiais.

"Hoje, todos os 4 mil policiais do estado estão em desvio de função. A polícia simplesmente vai parar", apontou Gutierrez. Também estão previstas na operação-padrão ações coordenadas, como a que terminou com a abordagem de um cassino clandestino que funcionava em uma mansão no bairro Parolin, em Curitiba, no mês passado.

Delegado-chefe

O chefe da Polícia Civil, delegado-geral Marcus Vinícius Michelotto, não quis comentar o resultado da assembleia, mas negou que teria entregue o cargo, como chegaram a ventilar alguns policiais. "Ainda sou homem de confiança do governo, mas também sou policial civil e espero uma boa decisão neste caso", disse. A assessoria de imprensa da Sesp informou que o secretário de Segurança, Reinaldo de Almeida César, não comentaria o caso.

Foi oferecido aos policiais civis 26% de reajuste salarial. Desses, 20% seriam de aumento real e 6% de reposições de inflação. Também estão previstos aumentos escalonados até 2014. Segundo Richa, o patamar de reajuste oferecido "coloca o Paraná com um dos melhores salários do Brasil para as forças de segurança". "Fomos no limite do que era possível para atender da melhor maneira aos anseios dos nossos policiais. Não sei de outra categoria profissional que tenha conquistado aumento semelhante no país", disse Richa, via agência de notícias.

Os sindicatos questionam e afirmam que, na prática, apenas os agentes de 4.ª e 5.ª classes (de menor remuneração) seriam bene­­ficiados pelo aumento real. As demais escalas receberiam somente a reposição da inflação. Atualmente, o salário inicial de um policial civil é de cerca de R$ 2,7 mil. Com o reajuste, o vencimento saltaria para cerca de R$ 3 mil.

Hoje, peritos e médicos-legistas da Polícia Científica também prometem fazer uma manifestação em Curitiba, às 11 horas, na frente do Instituto de Criminalística.

PM refuta aumento de 23,5% e faz protestos

Associações que compõem o Fórum das Entidades da Polícia Militar (PM), que mantêm negociação com o governo do estado, também recusaram ontem a proposta de reajuste salarial oferecida pelo governo. À tarde, cerca de 70 policiais fizeram uma carreata até o Palácio Iguaçu, onde encerraram a manifestação acendendo velas em frente do prédio. Mais contidos, no entanto, os PMs evitam falar em greve.

"O desgaste de uma greve é muito grande para a sociedade. O que queremos é mostrar que não aceitamos a proposta e que o governo faça uma nova [proposta]. Estamos mobilizados", justificou o cabo Carlos Lima, da Associação da Classe Policial Militar. De acordo com o subtenente Alcino Fogaça, os policiais querem mostrar à população a importância da implantação do subsídio. "O objetivo vai ser a conscientização da sociedade. Não temos a intenção de greve na PM", afirma.

Aumento escalonado

Segundo a Agência Estadual de Notícias, o aumento proposto aos policiais militares em início de carreira foi de 23,5% (seriam 17,5% de aumento real). De acordo com a tabela, um soldado – que ganha R$ 2,4 mil – passaria a receber R$ 3 mil. A expectativa da categoria era de que o salário inicial de um soldado fosse de R$ 4,5 mil. "São 13 anos de perdas salariais. Se os subsídios tivessem sido implantados em 1998, um policial que começa na carreira ganharia R$ 8 mil", afirmou Lima.

A insatisfação maior ficou por conta dos oficiais reformados (aposentados) que, segundo as entidades, não foram contemplados com o aumento real e só teriam direito às reposições da inflação. Uma nova rodada de reuniões entre as entidades que compõem o fórum também está marcada para hoje. "Não posso ‘quebrar’ o Estado para atender às reivindicações salariais", disse Richa, em entrevista à RPCTV. (Colaborou Heliberton Cesca)

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Interatividade

A Polícia Civil tem razão ao decidir pela greve ou seria melhor manter uma negociação sem paralisação?

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