Apesar da decisão do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), do Rio de Janeiro, que incluiu nominalmente o Paraná na ação que permite o funcionamento de bingos, as duas casas que pretendiam reabrir ontem em Curitiba foram impedidas pela Polícia Militar (PM). A alegação é de que a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) não foi notificada pelo TRF-2.ª Região. No Bingo Aspen, no Batel, três viaturas e cinco policiais impediam a entrada dos clientes. No Bristol, no centro, eram três viaturas e sete homens.
O advogado dos bingos, Luiz Fernando Pereira, discorda da afirmação da PGE sobre a ausência da notificação. Ele diz que na terça-feira encaminhou um fax do TRF-2, informando a decisão. Além disso, a ação foi protocolada ontem no site da PGE, sob o número 9064307. "A PGE está desmentindo o próprio site dela, onde já está o protocolo", ressalta Pereira.
Ao tentar entrar em contato com o procurador-geral do estado, Sérgio Botto de Lacerda, a reportagem foi informada de que ele não passava bem de saúde.
Em junho, a PGE já decidira não permitir a abertura dos bingos por considerar o TRF-2.ª, que atua nos estados do Rio de Janeiro e Espiríto Santo, incapaz de julgar o mérito. A alegação era de que a decisão deveria partir do TRF da 4.ª Região, responsável pelos estados do Sul.
Inconformados
Grupos de apostadores e funcionários estavam inconformados juntas, as duas casas empregam 250 pessoas. Para a garçonete Gislaine de Freitas, chamada há dois meses para retornar ao trabalho no Aspen, a proibição aos bingos tem gerado dificuldades. Há dois anos no mercado informal, quando consegue trabalho, Gislaine ganha R$ 350. "No bingo, recebo R$ 400, mais R$ 400 de caixinha."
No Bristol, um grupo de senhoras, que viaja uma vez por semana para jogar em Joinville (SC), reclamava da decisão da PGE. Um delas, a professora aposentada Sirlei Valente, 69 anos, que afirma ter ganho dois carros em apostas, não se conformava. "É um absurdo tantos policiais para enfrentar idosas."
