O sistema de monitoramento por câmeras não é bem visto pelo presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas (Amai), coronel Elizeu Ferraz Furquim. Furquim avalia que a colocação de câmeras em viaturas policiais com o intuito de fiscalizar o efetivo é "uma medida drástica" que não é necessária no momento no Paraná, já que, segundo ele, a corrupção policial no estado não chega ao patamar de estados como Rio de Janeiro e São Paulo.
Para o presidente da Amai, há outras medidas, mais importantes e profundas, que devem ser tomadas para se evitar os deslizes policiais. Entre elas estão a qualificação dos profissionais e remunerações melhores. Furquim cita a PEC (proposta de emenda constitucional) 64, aprovada na Assembleia Legislativa do Paraná, que determinou a exigência de ensino superior nos concursos da Polícia Militar e o aumento salarial. O piso, que hoje é de R$ 1,9 mil no estado para iniciantes, passaria para R$ 5 mil.
O relações públicas do 1º Batalhão da Polícia Militar em Ponta Grossa, tenente Fabian Ogura, também avalia que há outros mecanismos de monitoramento da atividade policial, como o GPS, que controla o trajeto da viatura. Ele considera, no entanto, que as câmeras têm um cunho pedagógico. Na Academia do Guatupê, onde os policiais militares são formados, por exemplo, filmagens são mostradas aos aspirantes para discutir os erros e acertos da abordagem policial. Ele cita uma filmagem sobre a atuação policial em uma prisão de assaltantes de um posto de gasolina.
Já o sociólogo Pedro Bodê, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apoia o projeto, mas lembra que o policial pode burlar o sistema ao abordar as pessoas fora do ângulo do equipamento. "Mas considero uma boa medida. Todas as medidas que aumentem a fiscalização são bem-vindas."



