O policial militar Wilson Esperança Júnior, de 38 anos, foi preso pela Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira (6), acusado de integrar uma quadrilha especializada em assaltos a bancos e arrombamentos de caixas eletrônicos. A participação do PM no grupo foi revelada por escutas telefônicas feitas pela polícia ao longo de mais de seis meses de investigação. Na mesma operação, uma mulher foi detida e equipamentos que seriam usados em arrombamentos e dinheiro foram apreendidos.
O mandado de prisão temporária contra Esperança Júnior havia sido expedido nesta semana pela Justiça da Comarca de Almirante Tamandaré, região metropolitana, cidade na qual o policial estava lotado. De acordo com o investigador Marcos Antonio Gogola, o PM era responsável por repassar à quadrilha informações detalhadas sobre a logística de segurança dos bancos que o grupo pretendia assaltar. Além disso, o acusado apontava os horários em que haveria menos viaturas nessas áreas, definindo a melhor data para que os crimes fossem cometidos.
"O acusado fazia uma varredura do local, observando número de vigilantes, posicionamento de caixas e horários internos. Como ia fardado aos bancos, acabava não levantando suspeitas", disse o investigador.
A polícia começou a investigar a atuação da quadrilha em junho de 2010, quando o grupo assaltou uma agência do Banco do Brasil, em Almirante Tamandaré depois de render um vigia. Ao longo desses seis meses, as investigações incluíram escutas telefônicas que, segundo a polícia, comprovaram a participação do PM. "As conversas apontam que o policial militar chegou a desviar um radiocomunicador da PM para a quadrilha", contou Gogola.
A Gazeta do Povo aguarda um posicionamento da Polícia Militar sobre a prisão. Esperança Júnior seria transferido ainda nesta quinta para o quartel da PM, em Curitiba, mas esta informação não foi confirmada.Maçarico e dinheiro
Além da prisão de Esperança Júnior, a polícia também cumpriu um mandado de prisão temporária contra Cleide de Moura Lourenço, de 38 anos. Na casa dela, em Pinhais, região metropolitana, foi encontrado um maçarico e uma broca com suporte, equipamentos que teriam sido usados em arrombamentos praticados pelo grupo. Em outra residência, os policiais localizaram mais de R$ 4,7 mil, que seria fruto das ações criminosas do bando. No total, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
As investigações revelam que a quadrilha possui diversas ramificações na capital e em municípios da região metropolitana e que chegou a contar com mais de 20 integrantes. Segundo a polícia, parte do grupo chegou a ser preso pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) em outubro do ano passado. "Foi um trabalho intenso. Foram horas e horas de escutas telefônicas, em que ouvimos conversas de dezenas de pessoas", disse Gogola. Com as prisões, a polícia espera chegar a outros integrantes do grupo.
Esperança Júnior e Cleide devem ficar presos pelos próximos cinco dias, mas a delegada responsável pelas investigações, Gisele Mara Durigan, pode pedir a prorrogação do prazo. Se a Justiça decretar a prisão preventiva dos acusados, eles podem continuar detidos até o julgamento.



