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Paiçandu

População apedreja carro de polícia após morte de morador

Homem teria atacado os policiais com um facão e foi baleado no peito. Comunidade se revoltou e depredou a viatura; policiais tiveram que fugir do local em carro da imprensa

A morte do aposentado Martin Rodrigues da Silva, 58 anos, no sábado (11), ferido no peito por um policial militar, revoltou a população de Paiçandu, na região metropolitana de Maringá, Noroeste do estado. Os moradores reagiram apedrejando uma viatura da PM. De acordo com informações do sargento Gilberto Felipe, do pelotão da cidade, Silva foi morto após ter atacado dois policiais com um facão. Foi necessário reforço policial para que o carro do Instituto Médico Legal (IML) retirasse o corpo.

Conforme relato da PM, a confusão ocorreu na Rua Rondonópolis, do bairro Jardim Petrópolis, nas proximidades da Penitenciária Estadual de Maringá. Moradores do bairro teriam chamado a polícia, pois o homem estava nervoso, ameaçando a mulher, Tereza Miltão da Silva, com um facão. Segundo a polícia, a própria mulher teria chamado ajuda policial, informação que não é confirmada pelos parentes da vítima.

Tereza Militão da Silva, 68 anos, casada há 30 com Silva disse que seu esposo tomava remédio de uso controlado há 14 anos. Segundo a viúva, seu marido ficava transtornado quando não tomava o medicamento. "Meu marido tinha problema mental e tinha que tomar remédio, mas já fazia um tempo que não tomava por isso ele ficou transtornado", contou Tereza.

Com a chegada de dois policiais na casa do casal, o homem teria ficado ainda mais nervoso, e passou a ameaçar todos com um facão. "Os soldados prometeram que não o prenderiam, caso ele largasse a arma e se acalmasse. Quando os policiais estavam indo embora, o aposentado desferiu um golpe de facão no braço de um deles, que já estava dentro da viatura. Logo em seguida, o outro policial o agrediu com o cassetete, tentando tirar a arma de sua mão. Diante da resistência do homem, que continuava ameaçando os policiais, eles atiraram em seu peito", conta o sargento Felipe.

Silva morreu na frente da casa onde morava. A situação causou a ira de familiares e moradores do bairro. Segundo informações de pessoas que estavam no local, cerca de 100 pessoas encurralaram os dois policiais e depredaram a viatura, jogando pedras e paus. Os soldados tiveram que fugir do local no carro de reportagem do programa policial Maringá Urgente, para não serem linchados pela população. "Quando percebemos que haveria agressões, ajudamos os soldados a fugir. Até mesmo o nosso carro foi apedrejado", conta o repórter do programa, André Almenaro.

Trinta 30 policiais militares, em oito carros e oito motos, foram chamados de Maringá para reforçar a segurança no bairro. Eles fizeram um comboio para que o carro do IML pudesse levar o corpo de Martin para Maringá. Houve confronto entre policiais e a população, com uso de bombas de efeito moral, mas sem feridos.

O sentimento da família é de revolta. Na opinião do filho do aposentado, Jair Militão da Silva, 29 anos, houve excesso por parte dos policiais, pois estavam em dois e seu pai, apesar de estar armado com facão, ainda assim estava em desvantagem e era mais fraco. "Eu estava trabalhando e quando fui avisado meu pai já estava morto, se eu tivesse chegado a tempo eu tenho certeza que também teriam me matado, porque eu não iria deixar que fizessem isso com meu pai", disse indignado Jair. "Quero que seja feita justiça e que os responsáveis sejam punidos, eles (os policiais) acabaram com minha família", completou.

De acordo com o sargento Felipe, um inquérito administrativo da Polícia Militar foi aberto para averiguar se houve excessos por parte dos policiais. Um processo também irá tramitar na vara criminal, para apurar os procedimentos.

Para o sargento, que presenciou os fatos, a reação da comunidade foi violenta, pois a maioria não havia acompanhado toda a situação. "Eles apenas viram o policial atirando em Martin na frente de sua própria casa, sem entender que eles estavam apenas se defendendo". A polícia suspeita que Silva estava alcoolizado. O IML deve concluir o laudo com essas informações em breve.

De acordo com a PM, a situação no local estava tensa até domingo (12), mas nesta segunda-feira (13) já está normalizada. A corporação não quis divulgar o nome dos policiais envolvidos, para evitar retaliações.

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