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SAÚDE

Por falta de dinheiro, São José dos Pinhais fica sem UTI

Os únicos 12 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) disponíveis para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, estão desativados. O corte de vagas é resultado dos problemas financeiros enfrentados pelo Hospital e Maternidade São José, que fechou também o seu pronto-socorro, onde eram atendidas 4 mil pessoas por mês. O hospital sofreu intervenção do Ministério Público (MP) Estadual, que investiga irregularidades na administração.

O fechamento do setor de emergência, decretado pelo MP no último dia 18, tem razões financeiras. A dívida de aproximadamente R$ 2,5 milhões e o corte no repasse do verba da prefeitura – que somava R$ 300 mil ao mês – são as alegações dos interventores, que hoje comandam a administração do hospital.

"Temos deficiência na infra-estrutura e dívidas com fornecedores, o que não nos permite a compra de alimentos e nem de remédios", argumenta uma das interventoras, Rosemar Ostapuik. Segundo Rosemar, o hospital tem 200 médicos e 308 funcionários. "Não temos dinheiro nem para mandar os funcionários embora. A ordem é esperar o resultado das negociações", conta.

Na segunda-feira, representantes do município e do estado discutirão a decisão da Justiça, mediante solicitação do MP, de que cada uma das partes repasse ao hospital R$ 328 mil por mês, num total de R$ 656 mil. "Precisamos garantir a continuidade dos serviços. A população carente não pode ser vítima de irregularidades administrativas", critica o promotor Divonzir Borges, que investiga o caso.

O promotor afirma que auditorias diagnosticaram irregularidades – desde a administração e o orçamento até o corpo clínico. "O plano de saúde vendido por eles praticava diversas ações contrárias ao que prevê a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), inclusive pedidos de pagamentos duplos, cobrados dos pacientes e depois, novamente, do SUS", conta o promotor. Facilitação no atendimento a alguns pacientes, uso particular de serviços médicos e boicote por parte do corpo de médicos são outras irregularidades citadas no processo que o MP move contra a diretoria.

Atendimento

Hoje, o Hospital São José atende apenas pacientes com Plano de Saúde ou que podem pagar pelo atendimento. Todos os pacientes da UTI foram transferidos e os 4 mil pacientes que eram atendidos mensalmente pelo hospital estão tendo de procurar os postos de saúde do município.

Para atender à migração dos pacientes do Hospital São José, a secretária municipal de Saúde da cidade, Maria Cristina Walbach, informa que a rede de postos de saúde está sendo reestruturada. Além da contratação de novos médicos, um aparelho de raio X está sendo adquirido para uma das unidades 24 horas. "Porém não temos orçamento para continuar a liberar recursos financeiros para o São José", revela a secretária. Cristina lembra que somente esse ano a prefeitura repassou R$1,9 milhão ao hospital. "Temos muito interesse em colaborar para a reabertura do pronto-socorro e da UTI do hospital, mas precisamos concretizar parcerias com o estado para manter os repasses."

Negociação

Segundo a secretária, o Conselho Municipal de Saúde estuda as possibilidades e deve dar um parecer na segunda-feira, na reunião com representantes do governo estadual.

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informa estar disposta a colaborar. Mas, por se tratar de um hospital privado, vem tentando inseri-lo dentro do SUS. Se as portas do pronto-socorro e da UTI forem reabertas, a Sesa confirma um repasse mensal de R$ 255 mil.

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