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Por que elas estão correndo nuas?

As 4 mulheres flagradas sem roupas nas ruas de Porto Alegre dominam os sites de notícia e as conversas nas redes sociais. A nudez suscita especulações

Mulher corre pelada a poucos metros do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho em Porto Alegre | Fernando Teixeira / Futura Press
Mulher corre pelada a poucos metros do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho em Porto Alegre (Foto: Fernando Teixeira / Futura Press)

Porto Alegre vive tempos de um despudor público e espetacular. O radar das conversas de grupos do WhatsApp, das timelines do Facebook e da audiência dos sites de notícias aponta para a mesma coisa: mulheres nuas correndo pelas ruas da capital gaúcha. Foram três casos em 11 dias – o primeiro no Parcão, o segundo, na Terceira Perimetral, e o terceiro, no Centro. Este, do último domingo, não está esclarecido – não há registro na Brigada Militar, e uma testemunha relata ter sido uma corrida de pouco mais de uma quadra. Descartando a hipótese de uma ação publicitária, o que leva uma pessoa a tirar a roupa e correr na rua?

"Não dá para dizer que todos são doentes ou que têm patologias mais definidas. Tem de tudo, inclusive doentes", diz o psiquiatra Gabriel Camargo. "Esse tipo pode precisar de alguma ajuda médica para recuperar o equilíbrio e a autoestima perdida por causa da exposição."

A professora de psiquiatria da PUCRS Nina Furtado recorre à teoria freudiana: as normas sociais e culturais que formam o superego (uma espécie de síndico chato do condomínio da mente) individual e grupal não aceitam a nudez pública e a reprimem. Expor os genitais é uma agressão à convenção cultural vigente.

"Existe um transtorno de exibicionismo, que é a exposição dos órgãos para chocar os outros. A necessidade de ser visto e chocar, que é uma forma de constranger, chamar atenção ou de controle sobre os outros pela nudez. No momento em que (a nudez) começa a causar algum tipo de sofrimento para a pessoa ou para outros, a exposição em excesso começa a entrar na área da doença", diz.

Os dois psiquiatras concordam que a divulgação dos episódios de nudez na imprensa e nas redes sociais pode estimular o comportamento, mas é preciso que haja uma predisposição a esse tipo de postura, ou seja, que as pessoas já tenham uma vontade de se expor. "Pode ser uma ansiedade social por notoriedade. Pessoas com nítidos traços neuróticos, muito desejosas de publicidade e sem muito controle dos impulsos. Os psicóticos, que estão fora da realidade, são os mais suscetíveis", diz Camargo.

Seria um protesto?

Para Nina Furtado, ficar nu como forma de protesto tem sentido porque traz bastante exposição para a mensagem. Os nus públicos grupais, segundo Camargo, são mais um movimento de natureza sociológica do que patológica, que rendem compartilhamentos no Facebook e uns bons cliques aos portais de notícias.

Um exemplo que teve bastante repercussão foi a Pedalada Pelada, em dezembro do ano passado em Porto Alegre, para "mostrar a fragilidade daqueles que utilizam a bicicleta no trânsito".

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