O problema da segurança pública no Rio de Janeiro vai além do tráfico de drogas. Vitória, São Paulo, Recife e até a região de Brasília são exemplos de cidades brasileiras com crise na questão de entorpecentes. "O tráfico de drogas está presente em todo o mundo, mas não se vê letalidade tão alta como no Rio ou na Colômbia", observa o oficial do Programa em Prevenção ao Crime do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime Nivio Nascimento. A peculiaridade carioca passa, necessariamente, pelo tráfico de armas.
"Na periferia de Brasília não há rifles AR-15. Se uma cidade não quiser virar o Rio, precisa ter controle sobre as armas, inclusive as contrabandeadas de instituições públicas", diz Nascimento. A falha na regulação repercute em outras variações do crime, e o aparato de guerra passa a ser usado em roubos, latrocínios e homicídios. "Não há uma correlação verificável entre o consumo de entorpecentes e a prática de crimes, mas o tráfico financia a compra de armas usadas contra o cidadão", diz Carolina Christoph Grillo, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ.
Portanto, pouco ou nada vai mudar se não houver ações integradas dos governos municipal, estadual e federal para controlar o uso e deter a entrada ilegal de armamento pelas fronteiras. "Enquanto a gente não mudar o foco para cada vez mais reprimir o comércio e o tráfico de armas, em especial de guerra, fica difícil imaginar uma cidade menos violenta", analisa Jaílson de Souza e Silva, fundador do Observatório de Favelas do Rio. "São elas que derrubam helicópteros e podem destruir blindados, assim como vêm destruindo a paz dos moradores das cidades".
A estratégia de enfrentamento bélico aos traficantes cria verdadeiros cenários de guerra, transformando as favelas em zonas de conflito e fazendo das pessoas da comunidade as principais vítimas dessa política. "Depois de mais de 20 anos, essa estratégia aumentou a criminalidade, a insegurança, a corrupção policial e o aumento da violência", avalia. E não conseguiu, segundo Silva, resultados nem naquilo que seria seu objetivo fundamental: reduzir o acesso às drogas os preços atuais são os mesmos dos anos 80.
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