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A sepse grave, conhecida como septicemia ou infecção generalizada, tem taxa de mortalidade maior do que casos de câncer de mama, intestino, enfarte e aids. Nos Estados Unidos, cerca de 750 mil novos casos são registrados por ano, enquanto no Brasil o número chega a 400 mil. A doença é cheia de peculiaridades e o aumento de casos é alvo de uma campanha que está sendo desenvolvida em todo o mundo. O Paraná, onde a questão já vem sendo discutida há cerca de seis meses, é o primeiro estado brasileiro a adotar medidas para tentar reduzir a mortalidade provocada pela sepse.

Por meio do Programa de Otimização do Tratamento da Síndrome Séptica, da Secretaria de Estado da Saúde, equipes de saúde de diversos hospitais do estado recebem treinamento para identificar e tratar rapidamente a doença. Segundo o diretor do Centro de Medicamentos do Paraná, Luiz Ribas, já passaram pelo treinamento os profissionais dos hospitais do Trabalhador, de Clínicas da UFPR, em Curitiba, Regional de Cascavel e Universitário de Londrina. Ribas acredita que até o fim do próximo semestre os resultados já possam ser avaliados.

A sepse pode ser definida como uma resposta inflamatória generalizada e desregulada do próprio organismo contra uma infecção, afetando o funcionamento de vários órgãos. De acordo com o médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Albert Einstein (SP) e presidente do Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse (Ilas), Eliézer Silva, é difícil identificar a doença, já que não existem sintomas específicos. Em comum, os pacientes apresentam um quadro infeccioso, com febre, aceleração cardíaca, respiração mais rápida e pelo menos um dos sinais de gravidade: pressão baixa, menor volume de urina e prostração intensa.

Na forma mais leve (sepse), o paciente tem apenas febre, mal-estar e batimento cardíaco acelerado. Com alguns dos sinais de gravidade, a doença passa a se chamar sepse grave ou choque séptico. Nesses casos, a pressão sanguínea fica muito baixa e somente remédios específicos, administrados durante internamentos hospitalares, podem ajudar na recuperação.

Segundo Eliézer Silva, o maior desafio dos profissionais é a falta de informações e de reconhecimento da doença. Por isso, a campanha mundial propõe o treinamento de profissionais da saúde para que um determinado número de medidas de diagnóstico e terapêuticas sejam implementadas em conjunto e no tempo exato. "O uso do ‘pacote de intervenções’ deve se iniciar em até seis horas. Caso esse paciente precise de terapia intensiva, outras medidas devem ser adotadas antes de 24 horas", diz.

Fazem parte do grupo de risco bebês prematuros e idosos acima de 65 anos. Também têm mais chances de contrair a sepse os doentes de câncer, que fazem quimioterapia e uso de corticóide, portadores de doenças crônicas e aids, usuários de drogas e álcool, vítimas de traumatismos, queimaduras, acidentes de automóvel e ferimentos à bala, além de pacientes hospitalizados que fazem uso de antibióticos, cateteres ou sondas.

Quando tratada adequadamente, a sepse não deixa seqüelas. Eventualmente ocorre depressão ou fraqueza muscular, que podem ser rapidamente resolvidas.

A repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite do Instituto Latino Americano para estudos da Sepse.

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