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Saúde pública

PR tem 1,4 milhão de fumantes

Estado é o sexto no país no ranking do cigarro. No Brasil, já existem mais ex-fumantes do que os que mantêm o hábito

João José (esquerda) parou de fumar duas vezes, mas voltou e não pensa mais em parar. Seu cunhado, José, não gosta: “O que ele gasta por mês em cigarro (cerca de R$ 100) eu gasto em comida” | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
João José (esquerda) parou de fumar duas vezes, mas voltou e não pensa mais em parar. Seu cunhado, José, não gosta: “O que ele gasta por mês em cigarro (cerca de R$ 100) eu gasto em comida” (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)
Veja pesquisa do IBGE que mostra o perfil dos fumantes no Brasil |

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Veja pesquisa do IBGE que mostra o perfil dos fumantes no Brasil

O Brasil tem 24,6 milhões de fumantes e o Paraná ocupa a sexta posição no país quando o assunto é o número de pessoas que ainda insistem em acender e tragar seus cigarrinhos. Os dados da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (Petab), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados ontem, mostram que, em 2008, 18,4% da população paranaense, ou 1,4 milhão de pessoas, eram fumantes. O levantamento indica ainda que 93% dos fumantes brasileiros têm consciência dos males que o cigarro pode causar, como câncer ou derrame, mas que somente 52,1% pensam em abandonar o vício. Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que há mais ex-fumantes no Brasil do que adeptos do tabaco – 26 milhões de pessoas responderam que já abandonaram as tragadas.

Os estados brasileiros com mais fumantes que o Paraná são São Paulo (5,3 milhões), Minas Gerais (2,6 milhões), Rio de Janeiro (1,9 milhão), Rio Grande do Sul (1,7 milhão) e Bahia (1,6 milhão). Em relação ao total da população, o Paraná fica em oitavo lugar. O estado com o maior índice é o Acre (22,1%), seguido do Rio Grande do Sul (20,7%). Somados, os dados referentes aos gaúchos e aos paranaenses colocam a Região Sul como a mais "enfumaçada" do Brasil: 19% dos sulistas disseram ser fumantes, índice mais alto do país. Foi a única região a superar a média nacional, que ficou em 17,2%. Entre os brasileiros que disseram fumar, 15,1% se identificaram como fumantes diários e 2,1% como ocasionais (que não fumam todo dia). Entre os 24,6 milhões de fumantes do Brasil, 14,8 milhões eram homens (21,6% da população masculina) e 9,8 milhões eram mulheres (13,1% das mulheres).

Perfil

A Petab traça um perfil do fumante brasileiro: predominantemente, ele tem entre 45 e 64 anos (22,7% do total), ganha menos de um salário mínimo (56,5%), mora na cidade (81%) e não tem instrução ou estudou no máximo um ano (25,7%). A maioria (31,9%) começou a fumar entre 17 e 19 anos; 33,9% fumam entre 15 e 24 cigarros por dia, e 39,3% dão suas primeiras tragadas 6 a 30 minutos depois de acordar. A idade predominante em que os usuários se tornaram fumantes diários foi entre 17 e 19 anos (31,9%). O gasto mensal do fumante brasileiro com cigarros é de R$ 78,43, valor que na Região Sul sobe para R$ 98,99.

Entre os que pensam em parar, 33,5% não pretendem largar o vício em 12 meses, 11,4% pretendem parar no prazo de um ano e só 7,3% disseram que tinham a intenção de deixar o cigarro no mês seguinte à realização da pesquisa. Entre os ex-fumantes, 57,3% afirmaram que deixaram de fumar há mais de dez anos. No Paraná, o índice dos fumantes que pretendem deixar as baforadas era de 48,8%, abaixo da média nacional, de 52,1%.

Vencer o vício é difícil para o trabalhador da construção civil João José de Oliveira, 53 anos. Tão difícil que ele já teve duas recaídas. "Fiquei um ano sem fumar, depois voltei. Fiquei mais três meses, mas fui a uma festa e voltei a fumar", afirma. "Agora, não penso mais em parar. Tem de ter muita vontade. Só se o médico mandar." O cunhado dele, José dos Santos Estevão, 65 anos, reclama da fumaça. "Eu não tusso, ele tosse. O que ele gasta por mês em cigarro (cerca de R$ 100) eu gasto em comida", comenta. "Eu nunca fumei, nem quero que me ofereçam."

Recaída

As recaídas são uma constante na vida dos fumantes com maior grau de dependência (o nível é medido pelo Teste de Fagerström, disponível no quadro ao lado). Segundo o médico sanitarista João Alberto Lopes Rodrigues, coordenador do Programa de Controle do Tabagismo de Curitiba, da prefeitura, 65% voltam ao vício. "É uma droga com um grande potencial de recaída, superior ao álcool e igual a drogas pesadas, como a cocaína e a morfina", explica. "Nos programas de cessação, a cada 100 fumantes, se 35 pararem, é um grande sucesso."

A psicóloga Sonia Alice Felde Maia, coordenadora estadual Antidrogas, diz que o alvo prioritário da Coordenadoria (órgão ligado à Secretaria de Estado da Justiça) são as drogas lícitas. "Vivemos uma pandemia do crack e o crack mata, mas o álcool e o tabaco matam mais em números absolutos", diz. Ela avalia que a sociedade está no caminho certo ao restringir o uso do tacabo. "Não existe lei que pegue se a sociedade não comprar a ideia. Acho que a sociedade está comprando a ideia, hoje existe uma postura totalmente diferente da que existia há 20 anos."

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