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Paraná

Pré-natal deficiente eleva mortalidade

Campanha tenta reduzir mortes de mães e bebês. Uma da medidas será a realização de exame para detectar infecção urinária, responsável por muitos casos de prematuridade

Nos últimos oito anos, 54% dos bebês prematuros nascidos no Paraná morreram. O governo quer que as gestantes façam pelo menos quatro consultas de pré-natal | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Nos últimos oito anos, 54% dos bebês prematuros nascidos no Paraná morreram. O governo quer que as gestantes façam pelo menos quatro consultas de pré-natal (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

A cada dez bebês que nascem prematuros no Paraná – antes dos nove meses de gestação – cinco não conseguem sobreviver. Uma média histórica do estado mostra que nos últimos oito anos, dos 13,5 mil partos prematuros realizados, 7,2 mil crianças morreram. E o principal fator da alta taxa de mortalidade está em algo simples de se resolver: dar acesso a todas as gestantes ao exame de pré-natal. Por incrível que pareça, o que leva uma mãe a ter o bebê antes do planejado é, em muitos casos, a infecção urinária. E este problema poderia ser detectado com um exame chamado urocultura (de urina) que apontaria a infecção e, assim, permitiria que as gestantes fizessem o tratamento adequado, evitando o parto antecipado. O exame, porém, ainda não é obrigatório às gestantes cadastradas nas unidades de saúde. "Ainda hoje sabemos que existem gestantes que só vão a uma unidade de saúde quando entram em trabalho de parto, isso quer dizer que nenhum exame pré-natal foi feito antes. Queremos exigir das futuras mães o exame de urocultura e pelo menos quatro consultas de pré-natal", afirmou ontem o secretário de estado da Saúde, Gilberto Martin, no lançamento da campanha "Nascer no Paraná: direito à vida".

A partir de julho deste ano, o secretário garante que as gestantes terão acesso facilitado aos testes de urina (que deverão ser três no decorrer da gestação) e aos quatro pré-natais, porque os postos de saúde passarão por uma reorganização estrutural. O governo irá investir, apenas nos exames de urocultura, R$ 400 mil que, segundo Martin, é um valor menor do que o gasto com três bebês prematuros internados.

Acompanhamento

Outra meta da campanha é garantir a puericultura, ou seja, o acompanhamento do desenvolvimento de crianças até o primeiro ano de vida. Isto porque ainda não há dados confiáveis sobre os motivos que levam as crianças a morrer subitamente, por exemplo. A médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, disse que de todos os óbitos infantis registrados, 30% são de morte sem causa informada e o pior, dentro deste porcentual, 70% devem ser de óbitos que poderiam ser evitados. "Ninguém alerta as mães sobre o perigo de deixar a criança dormindo de barriga para baixo porque ela pode morrer sufocada", disse Zilda. Segundo dados da mortalidade infantil, em 2007, o Paraná teve um coeficiente de 13,1 mortes para cada mil nascidos e Curitiba 10,51. "Nossa meta é diminuir para apenas um dígito, ou seja, menos de 10", afirmou o secretário Gilberto Martin.

O controle de saúde das crianças até um ano de idade deve começar já na gestação. A campanha "Nascer no Paraná: direito à vida" pretende cadastrar todas as gestantes do estado que usarão as unidades de saúde para o parto. No quarto exame pré-natal a gestante já deve estar ciente do local onde terá o bebê – o que ainda hoje nem sempre é feito na prática. Uma equipe também será contratada para fazer o controle nas próprias maternidades: deverá passar diariamente para ver as crianças que nasceram nas últimas 24 horas e o estado de saúde delas. Há ainda a previsão de que um Comitê Municipal para Redução da Mortalidade Materna e Infantil mantenha atualizado o número de declarações de óbito em um espaço mais curto de tempo e ainda identifique a causa da morte infantil e/ou materna.

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