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O psiquiatra Marcelo Kimati, da Secretaria Municipal de Saúde, aponta uma das faces mais curiosas da drogadição – a percepção parcial do problema. Pensa-se que “dependente” é quem “pirou”, roubou o que tinha em casa para trocar por droga – algo meio novela da Glória Perez.

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Os que consomem com moderação – inclusive a pedra do crack – se veem à parte do quadro da dependência, a salvo do cadafalso. Os “crônicos” confirmam na prática o que disse em visita ao Brasil o neurocientista norte-americano Carl Hart: apenas uma minoria se torna dependente. Ninguém quer ficar drogado o tempo todo.

O desafio é entender o que leva alguns à dependência – das drogas lícitas e das ilícitas. E que respostas a saúde pública vai lhes dar. Nesse sentido, quem atua em unidades de saúde tem motivos de sobra para se preocupar com o que passa na cabeça dos juízes do STF: entre os mais pobres a drogadição tende a causar mais estragos do que em outras classes sociais.

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“A maioria das pessoas que chega ao Caps Álcool e Drogas (AD) são de baixa renda”, reforça a psicóloga Stephanie Gorte, que atende no CapsAD Cajuru, no Guabirotuba.

O clínico geral Evandro Luiz Silva, 61 anos, da Unidade de Saúde São Domingos, no Cajuru, confirma: o uso de drogas nessa população evolui para quadros mais graves. Nas periferias, usuários costumam ser arrebanhados pelo tráfico, uma relação perigosa. Jovens com baixa expectativa profissional e escolaridade diminuta são presas fáceis para o tráfico. Entre eles, a droga ocupa o posto de um inimigo íntimo. Faz parte do cotidiano, está naturalizada, o que torna essas comunidades pobres mais vulneráveis. “Sem dizer que o consumo está aliado ao preço, mais alto ou mais baixo, acirrando o uso”, exemplifica Evandro.

Não houve cena dramática que o médico Evandro não tenha visto no tempo e que atenda na periferia – mãe caindo de joelhos diante de filhos à beira de um ataque de nervos, traficantes jurando dependentes de morte.

“Acredito que a descriminalização pode agravar ainda mais esse cenário. Teremos mais usuários de maconha nas áreas pobres. Estamos falando de uma facilidade – e de um público que vai responder a essa nova ordem”, arrisca o clínico geral, sobre quem vai pagar a conta no final.

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