
Dois prédios no Centro do Rio de Janeiro desabaram na noite de ontem, por volta das 20h30, nos fundos do Teatro Municipal, na Cinelândia. Um deles, o Edifício Liberdade, localizado na Avenida Treze de Maio, tinha 20 andares. No local, funcionavam escritórios. Já a outra construção o Edifício Colombo, de 10 andares ficava na Rua Manuel de Carvalho.
A Defesa Civil estimou, por volta das 23h30, que havia ao menos 11 vítimas nos escombros, entre mortos e feridos. Quatro pessoas foram resgatadas dos escombros com vida e encaminhadas ao Hospital Souza Aguiar. "Não sabemos precisar quantas pessoas estavam no prédio do momento do acidente", afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes. "Aparentemente não foi uma explosão, o desabamento aconteceu por um dano estrutural no prédio. Acredito que não tenha sido vazamento de gás."
No Edifício Liberdade, funcionava, no térreo, uma agência do Banco Itaú e uma loja da empresa Mundo Verde. O desabamento também afetou o edifício vizinho, Capital, na esquina com a Rua Almirante Barroso. Segundo o Corpo de Bombeiros, o prédio ao lado apresenta rachaduras. As escadas do Capital ficaram obstruídas pelos escombros e muitas pessoas precisaram ser resgatadas pelos bombeiros.
Pessoas que estavam em prédios vizinhos contam que sentiram os imóveis balançarem, como se estivesse acontecendo um terremoto. Alexandre Trotta, que trabalha numa empresa de informática que funciona no quinto andar do Edifício Capital, ouviu inicialmente um pequeno barulho como se fossem detritos caindo. Abriu a janela, quando aconteceu o desmoronamento: "Foi um grande estrondo. Era como se o mundo tivesse vindo abaixo. O prédio veio abaixo. Ele caiu para frente e para trás e levou o que estava nas janelas do meu prédio", contou.
Frotta desceu os cinco andares de seu prédio e, ao chegar no térreo, constatou que não tinha sobrado nada do edifício vizinho. "Só tinha entulho. A banca de jornal que tinha no local foi destruída. Os carros estacionados na Treze de Maio acabaram", explicou.
Inspeção
O contador Heverton Ferreira, que trabalha no prédio, havia saído há cerca de meia hora do local, quando soube por um telefonema que o edifício tinha desabado. Ele não tem notícias de seu pai, que ainda estava num dos escritórios do edifício. Segundo Heverton, esta semana, porteiros falaram que a Companhia Estadual de Gás (CEG) faria uma inspeção no subsolo, por causa do forte cheiro de gás. "O prédio fechava às 21 horas. E faltava cerca de 30 minutos para isso. Mas ainda tinha muita gente lá. Ainda deviam ter umas 15, 20 pessoas dentro do prédio", disse.
Vicente da Cruz costuma entregar galões de água num escritório do sétimo andar do edifício. Ele conta que já estava do lado de fora do prédio, quando começou a ouvir explosões. "Fui me afastando, me afastando. E de repente o prédio caiu. Tinha cerca de 20 pessoas próximas à marquise. Assim como eu, elas saíram correndo. Por um segundo, eu tinha morrido", contou.
Em entrevista à Globo News, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, regional do Rio de Janeiro, Sidney Menezes, disse que por enquanto é prematuro apontar uma causa para o desabamento, seja explosão ou falha estrutural. "Houve um colapso estrutural radical desse prédio, mas é preciso muita calma e cautela nesse momento. Será preciso fazer um trabalho firme de perícia para tentar descobrir o que levou ao colapso dessa estrutura."
"Parecia o ataque de 11 de setembro"
O advogado Luiz Antônio Jean Trajan, que trabalha num escritório no prédio número 45 da Avenida Treze de Maio, em frente a um dos edifícios que desabaram, disse que se lembrou do ataque terrorista ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.
"O prédio caiu todo, como se tivesse sido implodido. Parecia o World Trade Center. Ouvi um forte estrondo e vi tudo acontecer. Havia uma obra no prédio, acho que no sexto andar. Pelo menos dois funcionários estavam trabalhando na hora da tragédia "afirmou Trajan, que estava na Treze de Maio e disse que não sentiu cheiro de gás em nenhum momento.
O clima no entorno do edifício era de muita comoção. Parentes de pessoas que estavam nos escritórios do prédio souberam do acidente e estavam no local aguardando notícias dos bombeiros.




