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Lixo

Prefeitura ignora embargo do IAP a obras na Caximba

Trabalho no aterro devia estar parado desde quarta, mas município argumenta que liminar permite obras

Moradores da região da Caximba devem entrar na Justiça contra obras no local | Aniele Nascimento/Arquivo Gazeta do Povo
Moradores da região da Caximba devem entrar na Justiça contra obras no local (Foto: Aniele Nascimento/Arquivo Gazeta do Povo)

Um embargo do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) determinou que, desde quarta-feira, as obras da prefeitura de Curitiba no Aterro da Caximba sejam interrompidas. Mas, apoiado em uma decisão judicial, o município vem descumprindo a ordem administrativa. Este é mais um episódio do im­­passe sobre o lixo da capital e região metropolitana na semana em que decisões do Tribunal de Justiça (TJ) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Paraná agitaram o processo licitatório que definiu a empresa responsável pela indústria de reciclagem que substituirá a Caximba.

De acordo com o presidente do IAP, Vitor Hugo Burko, o embargo foi tomado porque o instituto não foi intimado sobre a decisão judicial do juiz Marcel Guimarães Rotoli de Macedo, do TJ, de 13 de novembro de 2009, que autorizou a prefeitura a iniciar as obras para o encerramento do aterro da Caximba. "Se houve mesmo essa liminar, eles induziram o juiz a erro dizendo que não havia outra possibilidade. Eles [prefeitura] estão fazendo o que bem entendem, sem nenhum critério. No mínimo, a Justiça tem de definir quem irá controlar isso", afirma Burko.

O secretário municipal do Meio Ambiente, José Luiz Andreguetto, conta que a prefeitura respondeu ao embargo e também encaminhou a liminar ao IAP. "Continua­­mos amparados por essa liminar da Justiça para fazer as obras. Elas não foram interrompidas", justifica Andreguetto. A Gazeta do Povo teve acesso à liminar.

Segundo a prefeitura, as obras em andamento no aterro estão direcionadas para o encerramento do local. Entre elas estão a reconformação geométrica do aterro, melhorias nos drenos de gás e efluentes, obras de estabilidade e melhoria no tratamento do chorume. "Estão fazendo obras só para aumentar a capacidade. Não estão fazendo nada para melhorar a condição ambiental", contesta Burko.

Moradores da região da Ca­­ximba também tentarão interromper, na próxima segunda-feira, as obras no aterro. Represen­­tados pela Aliança para o Desen­­volvimento Comunitário da Ca­­ximba (Adecom), eles prometem entrar com um mandado de segurança contra a liminar que autorizou as atividades no local. "Alguns dados não foram colocados para a Justiça. Pode haver desmoronamento [de lixo], colocando em risco os moradores da região", afirma o presidente da Adecom, Jadir Silva de Lima.

Licitação

Com relação às irregularidades apontadas pelo TCE no julgamento do processo licitatório, na quinta-feira, o Consórcio Intermu­­nicipal (responsável pela licitação) ainda não se manifestou sobre as medidas que serão tomadas. Através da assessoria de imprensa, o procurador-geral de Curitiba e representante legal do consórcio, Ivan Bonilha, informou que ainda não havia sido notificado pelo TCE até sexta-feira e só deve falar sobre o caso depois que avaliar as constatações do tribunal. Na quinta, o consórcio Recipar Soluções Ambientais também foi anunciado como vencedor da licitação para construir e administrar a nova usina de processamento do lixo produzido em 19 municípios da região metropolitana. A maioria das irregularidades constatadas pelo TCE está relacionada à Recipar.

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