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violência

Preso acusado de levar arma a neonazistas

Casal de estudantes foi morto há seis meses em Quatro Barras, em suposta disputa de poder entre grupos adeptos do nazismo

Em maio, a Polícia Civil apresentou armas e material de propaganda nazista encontrado com suspeitos do crime | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Em maio, a Polícia Civil apresentou armas e material de propaganda nazista encontrado com suspeitos do crime (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu uma pessoa acusada de fornecer a arma utilizada na execução dos estudantes universitários Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, e Renata Waechter Fer­reira, 21 anos, mortos a tiros na madrugada do dia 21 de abril deste ano, em Quatro Barras, na re­­gião metropolitana de Curitiba. Segundo a Polícia Civil do Paraná, eles eram integrantes de um grupo neonazista e foram mortos depois de uma festa, realizada em uma chácara, em comemoração pelos 120 anos de nascimento do ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945). A investigação revela que as mortes foram encomendadas pelo economista Ricardo Barollo, 34 anos, que mora em São Paulo, devido a uma disputa pela liderança do movimento no Paraná. Barollo e outras cinco pessoas respondem pelo crime em liberdade.

O delegado Paulo César Jardim, da 1.ª Delegacia de Porto Alegre, afirma que a arma do crime, uma pistola 9 milímetros, foi cedida por Laureano Toscani, 24 anos, morador da capital gaúcha. Ele e Daniel Fabrício Silva de Oliveira, 21 anos, foram presos por volta das 23h30 da quarta-feira, por tentativa de homicídio. Segundo Jardim, os jovens urinavam nas proximidades da Estação Mercado, no centro de Porto Alegre, quando foram abordados por um segurança da Trensurb, empresa que opera o sistema de trens de transporte coletivo na cidade. O grupo, formado por quatro jovens, agrediu o segurança, que é negro, e cortou seu pescoço com um estilete. Toscani e Oliveira foram presos em flagrante por policiais militares e os outros dois suspeitos fugiram. O segurança sobreviveu ao ataque e passa bem.

"Segundo depoimentos tomados em Porto Alegre e no Paraná, o Laureano forneceu a arma para o Barollo. Ele teria comprado a pistola na Argentina, mas nega tudo", afirma Jardim. De acordo com o delegado, os dois acusados portavam um martelo e estiletes. "São dois conhecidos, já tinham sido indiciados em outros inquéritos por tentativa de homicídio, segregação racial e coação durante processos", diz. Desta vez, foram indiciados por tentativa de homicídio e formação de quadrilha. "Conversei com o segurança. Eles (os acusados) o chamaram de ‘negro sujo’ e ‘sem vergonha’ e disseram que ele merecia morrer", conta Jardim.

Neuland

Investigações da Polícia Civil do Rio Grande do Sul mostram que o movimento neonazista no estado tem ligações com militantes de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo. No dia 18 de maio, os policiais apreenderam material de propaganda nazista, armas e explosivos em cinco cidades gaúchas. De acordo com Paulo César Jardim, na época as investigações indicavam que um grupo chamado Neuland ("nova terra", em alemão) planejava explodir sinagogas no país. O objetivo do grupo seria criar um país sem judeus, negros e homossexuais. "Isso já passou. Agora eles trocaram as facas pelos estiletes e não andam mais caracterizados", afirma o delegado.

A morte de Bernardo Dayrell e Renata Ferreira teve repercussão internacional. Três sites de extrema-direita – de Portugal, dos Estados Unidos e da Argen­tina – noticiaram as mortes e confirmaram que ambos eram militantes neonazistas.

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