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Avião da Força Aérea levou 38 detentos para presídios do Rio Grande do Norte e Rondônia | Divulgação/ RPCTV
Avião da Força Aérea levou 38 detentos para presídios do Rio Grande do Norte e Rondônia| Foto: Divulgação/ RPCTV

Revista

Celulares, bilhetes e contabilidade do tráfico estavam nas celas

Patrícia Pereira

Três celulares e vários bilhetes contendo informações sobre ordens a seguir foram encontrados nas celas em que estavam os presos transferidos. Livros de contabilidade do tráfico também estavam no local. Durante a tarde de ontem, outras unidades de Piraquara seriam revistadas pela Polícia Militar.

Alguns delegados da Polícia Civil confirmaram que foi feito um alerta informal para os policiais redobrarem os cuidados. Segundo um dos delegados, o objetivo foi tentar prevenir qualquer ataque a delegacias no estado.

Trinta e oito detentos do Paraná foram transferidos ontem para presídios federais do Rio Grande do Norte e de Rondônia em uma operação preventiva para evitar ataques criminosos como os ocorridos em Santa Catarina no começo deste ano. Os presos seriam membros de uma facção do crime organizado e, nas últimas semanas, estariam preparando ações articuladas para desafiar o poder público no Paraná. O próprio governador Beto Richa admitiu preocupação com a possibilidade de atentados. "Nós detectamos de forma prematura, logo que se iniciaram os primeiros movimentos", disse Richa na manhã de ontem, em um evento da montadora Renault.

Há duas semanas, um grupo de trabalho que envolve a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) começou a acompanhar de forma mais intensa movimentações nas penitenciárias do estado. Assim que foram detectados sinais de que poderiam ocorrer ações a mando de uma facção, o grupo iniciou o processo para pedir a transferência dos presos – vários estavam em unidades prisionais do interior, como Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá. Nas últimas semanas, o grupo de trabalho concentrou os presos em uma ala da Penitenciária Estadual de Piraquara I (PEP I) para controlar de forma mais direta os principais suspeitos. Quando o grupo achou prudente transferi-los, Richa telefonou para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pediu um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Vinte dos presos foram para o presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) e os outros 18 foram para Porto Velho (RO).

Outras ações

Segundo o secretário da Se­­gurança Pública, Cid Vas­­ques, a Polícia Militar tem realizado um trabalho ostensivo mais intenso e a Polícia Civil está trabalhando de forma dobrada.

"É um tipo de ação criminosa que surpreende a todos. Tem que estabelecer toda e qualquer estratégia de prevenção", declarou Vasques. De acordo com ele, o Paraná ainda permanece em alerta. Alguns eventos suspeitos têm recebido atenção especial, como os assassinatos de dois agentes penitenciários, rebeliões e ônibus incendiados. O grupo de trabalho integrado tem investigado cada caso para descobrir se há conexão com facções criminosas. "Estamos conseguindo separar com muita clareza o que pode ser vandalismo e o que, eventualmente, não seja", disse Vasques.

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Casos

Fatos suspeitos ocorridos nas últimas semanas no Paraná serão investigados:

• Curitiba

13 de março – o agente penitenciário Valdeci Gonçalves, de 35 anos, foi assassinado à noite com 11 tiros, em Curitiba.

14 de março – seis biarticulados foram incendiados em uma garagem da empresa Expresso Azul, em Pinhais. Dois suspeitos foram detidos pela Polícia Militar.

• Maringá

14 e 15 de março – presos da 9ª Subdivisão de Polícia Civil de Maringá iniciaram rebelião que durou 13 horas.

• Londrina

14 e 15 de março – uma operação de vistoria nas celas da Penitenciária Estadual de Londrina teria gerado tumulto no local. Houve tentativa de rebelião, contornada por policiais militares.

17 de março – um micro-ônibus da empresa Transportes Coletivos Grande Londrina foi incendiado. A Sesp classifica o caso como ação isolada.

• Cambará

17 de março – um destacamento da PM foi alvo de tiros.

• Piraquara

17 de março – 23 fugiram da Colônia Penal Agrícola em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.

18 de março – o agente Wilmar da Silva, de 47 anos, foi assassinado quando chegava em casa, em Curitiba.

• Arapongas

18 de março – presos participaram de um motim dentro da cadeia pública de Arapongas. A rebelião teria ocorrido em razão da qualidade ruim da comida.

19 de março – um ônibus do transporte coletivo foi incendiado e uma base da Guarda Municipal, alvejada por tiros.

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