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Senado

Pressionado, Sibá renuncia à presidência do Conselho de Ética

Aliados apostam em impasse para inviabilizar investigação contra Renan

Brasília – Pressionado e sem conseguir dar andamento ao processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Sibá Machado (PT-AC) renunciou na noite de ontem à presidência do Conselho de Ética. O caso está parado há seis dias por falta de relator. Aliados de Renan apostam em um impasse para inviabilizar as investigações.

Na tentativa de se livrar do desgaste pela paralisia dos trabalhos, Sibá chegou a marcar para hoje a votação do arquivamento do processo contra o presidente do Senado. Renan, no entanto, não teria votos para encerrar o caso de forma sumária.

O PMDB então mandou um recado para o PT lembrando que é a maior bancada do Senado e o maior partido da coalizão, transformando o caso em uma questão de governo. Se o PT abandonar Renan, o Palácio do Planalto terá dificuldade de aprovar projetos na Casa.

A decisão de renunciar à presidência do conselho foi tomada por Sibá durante uma reunião com senadores do PT e do PSB na noite de ontem. O senador Adelmir Santana (DEM-DF) assumirá o cargo interinamente até que seja eleito um novo presidente. "A renúncia virá se não houver uma decisão, se eu entender que o conselho travou e que não tem condições políticas de continuar seus trabalhos", afirmou Sibá durante a tarde. Ele se queixava de dificuldades para encontrar um novo relator.

A tendência é que seja derrubado hoje o pedido de arquivamento sumário feito pelo relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA), licenciado por motivo de saúde. Com exceção do PMDB, os integrantes do conselho não se sentem confortáveis em enterrar o processo antes que a Polícia Federal conclua a perícia nos documentos apresentados pela defesa de Renan.

A rejeição do parecer de Cafeteira levaria à aprovação de um dos relatórios alternativos apresentados pela oposição. O autor do documento aprovado se tornaria o novo relator. Eles foram apresentados pelos senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), Jefferson Peres (PDT-AM), Marconi Perillo (PSDB- GO), Marisa Serrano (PSDB-MS) e pedem a continuidade das investigações.

A atitude era uma forma de o PT tentar se livrar do desgaste pela paralisia do Conselho de Ética. O partido tentava forçar o PMDB a indicar um novo relator, e dar continuidade aos trabalhos, diante da iminência de que o nome saia da oposição.

Lideranças do PMDB afirmavam, no entanto, que Perillo poderia ser um bom nome. Os tucanos são considerados mais moderados e confiáveis do que Demóstenes e Peres. O governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), é um dos principais aliados de Renan. "Se tiver que ir para o PSDB, o partido não vai fugir de sua responsabilidade", afirmou o líder tucano, senador Arthur Virgílio (AM). Ele negou, no entanto, que houvesse uma articulação nesse sentido.

Em meio à indefinição no Conselho de Ética sobre o processo contra Renan Calheiros (PMDB-AL), a Executiva Nacional do DEM decidiu ontem cobrar formalmente o licenciamento do parlamentar, até que todas as investigações sejam concluídas. Renan é acusado de ter contas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior. Ao se defender, ele acabou se complicando ainda mais e a tropa de choque que o defende não conseguiu enterrar o processo que apura se houve quebra de decoro.

A hipótese de pedir licença até que tudo seja explicado – evitando desgaste maior para Renan e também para o Congresso – tem sido cogitada até pelos seus aliados. Até agora, porém, o presidente do Senado resiste com veemência a entregar o posto. Além disso, Renan conta com o apoio de peso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para permanecer à frente do Congresso, embora publicamente o Palácio do Planalto não se manifeste.

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