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A Justiça de São Paulo decretou na madrugada desta sábado (11) a prisão temporária dos quatro homens detidos nesta sexta-feira (10) por suspeita de participação na morte de Braz Paschoalin, prefeito de Jandira, na Grande São Paulo. A informação foi confirmada pelo delegado do setor de homicídios da delegacia seccional de Carapicuíba, Zacarias Katzer Tadros, responsável pela investigação.

A Polícia Civil havia pedido a prisão temporária na noite desta sexta. Os quatro presos permaneciam na delegacia aguardando a transferência para uma unidade prisional – o que deve ocorrer ainda neste sábado.

Exames residuográficos comprovaram a existência de resíduos de pólvora nas mãos de dois dos quatro homens detidos – dando elementos suficientes à polícia para o pedido da prisão. "Todos os quatro são muito conhecidos da polícia. São membros de uma facção criminosa e possuem uma extensa ficha criminal", disse o delegado.

O crime aconteceu na Rua Antônio Conselheiro, no bairro Santa Tereza, em Jandira, na Grande São Paulo, em frente a uma emissora de rádio, na manhã desta sexta-feira. Dois suspeitos foram detidos em Itapevi, também na região metropolitana, a dois quilômetros do local do crime, quando tentavam explodir um carro prata, pouco depois das 8h30, segundo a PM. Os outros dois suspeitos foram detidos à tarde em local não informado pela polícia.

A Polícia Militar informou, inicialmente, que o motorista do prefeito também havia morrido. Mas um delegado confirmou que ele sobreviveu e está internado no Hospital das Clínicas de São Paulo.

Paschoalin morreu quando chegava à Rádio Astral FM, onde todas as sextas-feiras participava de um programa de entrevistas, no qual ele respondia perguntas de ouvintes. O barulho produzido por cerca de 15 disparos que mataram o prefeito puderam ser ouvidos ao vivo por quem acompanhava a programação da Rádio Astral FM. O presidente da associação que administra a rádio da cidade, Fernando Silva, estava apresentando a última reportagem do jornal, às 7h57, quando se ouviu os tiros. Uma adolescente de 17 anos presenciou o crime e foi ouvida pela polícia.

O velório de Paschoalin é realizado desde a tarde desta sexta ginásio de esportes do município. O enterro está marcado para as 16h45 no Cemitério Municipal de Jandira.

Investigações

O polícia trabalha com a possibilidade de os dois detidos que apresentaram resquícios de pólvora nas mãos terem sido os executores do crime, enquanto que os outros dois seriam os responsáveis por sumir com o carro prata, que havia sido roubado dias antes.

Para o delegado, o crime tratou-se de uma execução. "Foram usadas armas de grosso calibre: uma pistola de 9 mm e, possivelmente, um fuzil ou uma submetralhadora", afirmou. As armas, no entanto, não foram encontradas. Segundo o delegado, um dos detidos suspeitos teria invadido a casa do prefeito, junto com outras seis pessoas, em outubro, quando a filha dele foi alvo de uma tentativa de sequestro.

Segundo Marcos Carneiro, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), as investigações sobre as mortes de dois suplentes de vereadores - Waldomiro Moreira de Oliveira e Antonio Ivo Aureliano - de Jandira ocorridas este ano serão transferidas para a Delegacia Seccional de Carapicuíba, na Grande São Paulo, onde funciona o Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da região. O objetivo é apurar se os assassinatos dos suplentes têm ligação com o do prefeito.

Terceiro mandato

Segundo informações disponíveis no site da Prefeitura de Jandira, Paschoalin estava em seu terceiro mandato como prefeito da cidade. Em 1976, foi eleito vereador, então com 28 anos. Em 1988, foi eleito prefeito pela primeira vez, administrando a cidade de 1989 a 1992. Ele reassumiu o cargo no período entre 1997 e 2000, e foi eleito novamente em 2008, tomando posse em 2009.

Durante o segundo mandato, Paschoalin chegou a ser o prefeito com o maior salário do país. Em 2003, ele foi investigado por causa do sumiço de cem cheques da Prefeitura. Os cheques foram feitos em nome de várias pessoas e sacados de uma vez só. As assinaturas que endossaram os cheques eram falsificadas. A mulher do prefeito, Maria Helena, também foi investigada pelo Ministério Público por causa de despesas que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo considerou irregulares.

O prefeito e mais cinco vereadores de Jandira também são alvo de investigação pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público de São Paulo. Segundo o Gaeco, Paschoalin pode estar por trás do pagamento de propina a vereadores para aprovar projetos de interesse da prefeitura. O promotor Roberto Porto suspeita que o esquema de propinas tenha alguma ligação com o assassinato do prefeito.

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