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Crise no Rio

Prisão dos 439 bombeiros está irregular, diz OAB-RJ

Corporação deveria ter comunicado o Tribunal de Justiça do Rio sobre as detenções em no máximo 24 horas, o que não ocorreu

As prisões dos 439 bombeiros que participaram da invasão do Quartel Central da corporação no Rio de Janeiro na última sexta-feira se tornaram irregulares porque não foram comunicadas no prazo legal à auditoria militar do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). A constatação é da presidente da Comissão de Direitos Humanos Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), Mar­­ga­­rida Pressburger.

Segundo ela, a comunicação à Justiça deveria ter ocorrido em, no máximo, 24 horas. O prazo é determinado pelo Código de Processo Penal Militar. De acordo com a assessoria de imprensa do TJ-RJ, a comunicação foi feita apenas às 19 horas de ontem, mais de 60 horas após as prisões. "Eles [Comando dos Bombeiros] teriam 24 horas para comunicar a prisão. Esse prazo já passou. Isso configura uma irregularidade jurídica. Na teoria, eles já deveriam ter sido soltos. Na prática, estamos indo visitá-los presos nas unidades", explicou Margarida.

Nove militares, apontados como líderes do movimento, estão isolados dos demais presos. Os outros 430 estão na 3.ª Policlínica do Corpo de Bom­beiros, em Niterói. Em um processo independente da Justiça Militar, a juíza Clarice de Matta e Fortes negou pedido de habeas corpus para os nove líderes detidos.

O novo comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Sérgio Simões, disse ontem que a soltura dos presos é inegociável. Ele se colocou como único interlocutor do governo com os manifestantes e afirmou que o futuro dos bombeiros presos depende agora da Justiça Militar. "O governo não pode fazer essa interferência. É um rito na esfera da Justiça Militar", disse. O secretário-chefe da Casa Civil do governo Sérgio Cabral (PMDB), Régis Fichtner, disse que a invasão fecha qualquer canal de diálogo.

Pressão

"Os bombeiros não reconhecem o novo comandante como interlocutor do governo. Quem precisa cuidar do assunto é o secretário de Planejamento ou o governador", diz o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), que se uniu a mais cinco deputados da Assembleia Legislativa do Rio em uma frente que pretende trancar a pauta de votações até que o governo solte os bombeiros.

Durante todo o dia de ontem, centenas de manifestantes permaneceram em frente à As­­sembleia pedindo a libertação dos bombeiros presos no sábado. Eles distribuíram um cartaz em que Sérgio Cabral era caracterizado em uma foto com o bigode e o penteado do nazista Adolf Hitler.

Cabral, que no sábado chamou os bombeiros rebelados de "vândalos", não quis falar com a imprensa sobre o tema ontem.

Também houve pequenos protestos espalhados por outros bairros da cidade. Segundo a corporação, o atendimento à população, porém, não foi afetado. À tarde, bombeiros controlaram com sucesso um incêndio no prédio do Juizado Especial Cível, no bairro da Gávea.

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