Professores e servidores públicos municipais de Curitiba iniciaram, à 0 hora desta quarta-feira (15), uma paralisação por tempo indeterminado em protesto por um reajuste salarial de 39,52%. Os sindicatos dos servidores do magistério (Sismmac) e dos servidores públicos da cidade (Sismuc) afirmam que diversos serviços, como educação, abastecimento, saúde e assistência social, estão prejudicados, embora as entidades ainda não tenham um levantamento de quantas escolas estão fechadas e de atrasos em serviços como atendimento médico.
Para a prefeitura de Curitiba, no entanto, o reflexo para a população é considerado pequeno (veja quadro ao lado). Segundo a assessoria de imprensa da secretaria de Recursos Humanos, das 174 escolas municipais, 12 estariam sem atendimento nesta manhã. Além disso, apenas um Centro Municipal de Ensino Infantil (CMEI), dos 164 existentes na cidade, estaria de portas fechadas. Nas unidades de saúde, segundo a prefeitura, há atendimento em todos os 133 postos, embora em cinco deles o efetivo esteja reduzido. Demais serviços, como Ruas da Cidadania, Fundação de Ação Social (FAS), Mercado Municipal, Armazéns da Família e Guarda Municipal, estariam funcionando normalmente, segundo a administração municipal.
Irene Rodrigues dos Santos, presidente do Sismuc, afirma, por outro lado, que apenas no serviço de transporte público e trânsito não haveria consequências da greve, já que os funcionários da Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs) são contratados de forma terceirizada. Ao todo, 32 mil servidores públicos integram o quadro de funcionários na ativa, segundo a prefeitura. A presidente do Sismmac, Simeri Ribas Calisto, conta que nas escolas e creches os pais foram avisados nos últimos dias de que haveria paralisação a partir desta quarta.
Para o secretário de Recursos Humanos, Paulo Schmidt, a administração municipal está tranquila quanto à sua posição e convicta de que a paralisação não prejudica o serviço de atendimento à população. "Trata-se mais de uma movimentação política e não da categoria como um todo", declarou na terça-feira (14) à Gazeta do Povo. "Os sindicatos viraram as costas para as negociações e deverão assumir a responsabilidade. Se for preciso, buscaremos apoio legal."
Passeata
Os professores e servidores em greve realizam uma passeata pelas ruas de Curitiba desde as 11 horas desta quarta. O grupo, estimado em 1,5 mil pela Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran), se reuniu na Praça Santos Andrade, no Centro, e caminha em direção ao prédio da prefeitura, no bairro Centro Cívico. Lá esperam ser recebidos por representantes da administração municipal, às 14 horas, para uma reunião que discutirá um acordo entre as duas partes. Tanto o Sismmac quanto o Sismuc marcaram uma assembleia para as 16 horas. "Dependendo do resultado da discussão, podemos retomar os serviços ainda hoje", diz Irene.
Reivindicações
Enquanto os funcionários pedem aumento de 39,52%, a administração municipal oferece 6,5% reajuste já aprovado pela Câmara Municipal. Segundo os sindicatos, o reajuste pedido pela categoria corresponde às perdas acumuladas nos últimos dez anos que chegariam a 14,6% , além da recuperação anual da inflação.
Irene diz que os trabalhadores aceitariam o parcelamento do reajuste em até dez vezes, mas a prefeitura teria agido de maneira "intransigente e sem boa vontade para negociar". Para a categoria, o aumento seria possível com a redução dos gastos administrativos da máquina pública e o corte de cargos comissionados.
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