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Brasil Carinhoso

Programa quer melhora cognitiva pela nutrição

Iniciativa do governo federal quer retirar crianças da extrema pobreza com suplementação nutricional e mais creches

 | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
(Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo)

Suplementação nutricional e pelo menos duas refeições diárias são as armas do governo federal contra o subdesenvolvimento cognitivo de gerações futuras de brasileiros. O programa Brasil Carinhoso, lançado na última segunda-feira, vai distribuir vitamina A, sulfato ferroso e abrir novas creches, medidas que proporcionarão alimentação equilibrada a milhares de alunos.

Pediatras ouvidos pela reportagem veem com bons olhos as ações prometidas pela presidente Dilma Rousseff, que objetivam retirar as crianças da extrema pobreza e, assim, diminuir a mortalidade infantil. O Brasil ainda apresenta números inaceitáveis nesse sentido: em 2010 ocorriam 15,6 óbitos de crianças menores de 1 ano a cada mil nascidos, segundo o IBGE. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de no máximo 10 mortes a cada mil.

Outras medidas do programa são a extensão do Bolsa Família, para garantir que as famílias atendidas tenham renda per capita de pelo menos R$ 70, o aumento no número de creches e a distribuição de medicamentos para asma. As ações terão duas diferentes consequências: a primeira será o combate à desnutrição, e a segunda, a melhora cognitiva das crianças. Isso deve ocorrer porque a falta de ferro no organismo leva à anemia, que está intimamente relacionada à desnutrição e a infecções graves. "A anemia causa ou facilita que ocorra o déficit de crescimento e de desenvolvimento cognitivo", diz a pediatra e diretora médica da Amil no Paraná, Lúcia Cristina de Macedo.

Educação infantil

Outro ponto do programa tido como positivo pelos médicos é o aumento no número de creches e o acesso mais cedo das crianças a elas. "Além de reduzir a mortalidade infantil, o programa poderá ‘salvar’ cérebros, pois vai propiciar que uma geração de brasileiros receba uma nutrição adequada, e na idade certa, para um bom desenvolvimento cerebral", afirma o diretor clínico do Hospital Pequeno Príncipe, Donizette Giamberardino Filho. A medida é um passo importante caso essa ampliação não fique apenas no discurso, como as mais de 6 mil creches prometidas na campanha presidencial de 2010 que ainda não saíram do papel.

Os benefícios da ampliação do número de creches, segundo Giamberardino Filho, ocorrem porque é nos primeiros anos de vida que o cérebro se desenvolve. A matrícula precoce em estabelecimentos de ensino vai promover a interação das crianças, o estímulo pedagógico e, o mais importante, a garantia de que se alimentarão ao menos duas vezes por dia. Mas, para isso, é importante que as crianças tenham acesso a uma alimentação balanceada, com acompanhamento nutricional – que pode ser oferecido nesses estabelecimentos – e o acréscimo de vitaminas.

Além desses benefícios, segundo a pediatra Lúcia Cristina, é melhor que a criança fique em uma creche do que permaneça em casa sendo cuidada por irmãos, com alimentação inadequada e sujeita a acidentes. "Além disso, a matrícula em uma creche propicia que a mãe possa trabalhar, melhorando a renda da família", ressalta.

Creche oferta cinco refeições às crianças

Desde os 6 meses de idade, Nicolas, hoje com 2 anos e 8 meses, come de tudo. "Ele só não gosta muito de carne. Acho que já nasceu vegetariano", conta brincando a mãe do garoto, Emilia Cristina Fernandes Assamamn. Apesar de ser supersaudável, Nicolas pegou uma pneumonia bacteriana e está internado no Hospital Pequeno Príncipe. Assim que se recuperar, vai retomar a rotina diária, que inclui passar de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, em uma creche. Lá ele recebe cinco refeições, café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e jantar. Emília acha isso fundamental. Segundo ela, que o acostumou a comer frutas e verduras desde os seis meses, a recuperação dele está sendo boa justamente pela alimentação rica em nutrientes. "Ele precisou fazer uma cirurgia por causa da pneumonia causada por uma bactéria, mas espero poder levá-lo para casa e retomar nossa rotina", conta.

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