O Projeto Ler e Pensar, desenvolvido pela Gazeta do Povo desde 1999 para estimular o pensamento crítico dos estudantes e formar novos leitores, acaba de receber o Prêmio Mundial de Jovem Leitor, concedido pela Associação Mundial de Jornais (World Association of Newspapers, WAN). O prêmio foi entregue nesta quarta-feira (12) na abertura do 63.º Congresso Mundial de Jornais, que segue até sábado (15) em Viena, na Áustria.
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É a primeira vez que um jornal brasileiro recebe o prêmio que reconhece os melhores projetos do mundo no emprego do jornal em prol da educação. O prêmio é concedido pela Wan desde 1998. Este ano, a Gazeta do Povo concorreu com jornais da Itália, França, Alemanha, Polônia, Canadá e Estados Unidos, dentre outros países. "Este é o maior reconhecimento que a gente pode ter: fomos considerados o melhor projeto de jornal educação do mundo em 2010. Concorremos com jornais de 80 países, dos cinco continentes, e mostramos que fazemos um trabalho sério, com resultados e efetividade mensuráveis e aprovado pelos profissionais da educação", diz a diretora-executiva do Instituto GRPCom, Clarice López de Alda.
O reconhecimento de um programa que é fruto do empenho de tantas pessoas é motivo de festa para a Gazeta do Povo, em cuja redação o Ler Pensar nasceu, e para o Instituto do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom), que coordena os trabalhos com educadores e estudantes. "É uma sensação de orgulho ver um projeto que iniciou há mais de 10 anos ser escolhido vencedor nesta premiação. É uma semente que plantamos e que agora será exemplo para outros. A minha expectativa é de que outros jornais sigam esse exemplo e percebam que, mais que o aumento da circulação, é importante contribuir para o desenvolvimento da sociedade", afirma Ana Amélia Filizola, vice-presidente do GRPCom.
Orgulho maior é saber que nestes 12 anos o programa envolveu cerca de um milhão de crianças e professores de todo o Paraná, elevou os índices de leitura nas escolas e contribuiu para tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes. "A criança tem uma curiosidade muito grande de ler o jornal, que é um instrumento legal para a alfabetização. O jornal não deveria nunca sair do aporte pedagógico, porque podemos trabalhar questões de ortografia, gêneros textuais e imagens. É um grande divisor de águas na educação", diz Esther Cristina Pereira, diretora de Ensino Fundamental do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), que trabalha com o projeto há nove anos.
O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Edson José Ramon, também ressalta o papel estimulante do projeto para a educação. "A premiação trata-se de justo reconhecimento para esta iniciativa brilhante de estímulo à leitura, que muito tem contribuído para a formação de nossas crianças e jovens", afirma. A ACP é um dos padrinhos sociais do projeto, juntamente com o HSBC.
As escolas que participam do projeto recebem o jornal diariamente e seus professores têm acesso, duas vezes por mês, a um boletim com sugestões de uso dos textos jornalísticos em sala de aula. O Ler e Pensar também promove workshops, concursos culturais e seminários. Não por acaso, 92% dos professores participantes aprovam o projeto e 96% reconhecem sua contribuição para o aprendizado. Outro dado relevante: 80% das cidades cobertas pelo programa elevaram em 6%, em média, suas notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Trajetória
O prêmio da WAN não é o primeiro reconhecimento que o projeto Ler e Pensar obtém. Em 2003, o programa conquistou o reconhecimento do Ministério da Cultura, e em 2010 o da Organização das Nações Unidas (ONU) pela sua contribuição ao um dos objetivos do milênio aquele que prevê educação básica de qualidade para todos.
Ao receber o prêmio, Maria Sandra Gonçalves, diretora de redação da Gazeta do Povo, disse que seria impossível nomear todos aqueles que de alguma forma contribuem com o Ler e Pensar. Afinal, o projeto, que agora é referência mundial em educação, vem se consolidando com o apoio de múltiplos parceiros empresas, entidades, administradores públicos, escolas e 12 universidades do Paraná. O troféu feito de papel jornal é da artista plástica austríaca Paule Kingleur.
Maria Sandra destacou os nomes das jornalistas Marleth Silva, idealizadora do projeto, e Clarice Lopez de Alda, diretora do Instituto GRPCom, responsável pela coordenação do Ler e Pensar. "As duas são parte fundamental das forças que contribuem para aproximar o projeto da comunidade escolar e acadêmica e para fazer da leitura um meio efetivo de melhoria da educação", disse.
Para Marleth Silva, que atualmente é conselheira do projeto, um dos grandes méritos do Ler e Pensar é a sua duração. "Quando criamos o projeto, olhamos modelos que já existiam no Brasil. Alguns foram encerrados e recomeçaram, outros mudaram totalmente, mas o nosso só cresceu e foi aperfeiçoado, o que fez ganhar ainda mais força", conta. A jornalista reforça que desde o primeiro momento o projeto teve uma aceitação muito grande entre os profissionais da educação. "O trabalho desenvolvido é maravilhoso. As professoras usam o material do jornal tanto para preparar os alunos como cidadãos, para saberem lidar com a informação e fazer leitura crítica, quanto como ferramenta de ensino, para ler e escrever melhor e entender a sociedade em que vivem de forma mais concreta", reforça.
O jornalista José Carlos Fernandes, que participa voluntariamente do projeto, reforça que o Ler e Pensar ajuda a formar o leitor do presente, além de manter viva uma cultura de ler jornais para as novas gerações que não tem por hábito a leitura dos periódicos. "O projeto difunde a importância da curiosidade, de prestar atenção na rua. As crianças entendem como funciona essa instituição democrática que é o jornal e vivem uma função de repórter universal", defende.
Assista ao vídeo sobre o Projeto Ler e Pensar:



