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Saúde

Projetos de lei livram Paraná do amianto

Fim do uso de fibra cancerígena nas indústrias locais só depende dos vereadores e deputados estaduais

Herbert Fruehauf: doenças adquiridas no trabalho em indústrias de fibrocimento | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Herbert Fruehauf: doenças adquiridas no trabalho em indústrias de fibrocimento (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Usado em telhas de fibrocimento, caixas d’água (com exceção das mais novas) e outros objetos de uso doméstico, como luvas de cozinha, o amianto pode causar várias doenças pulmonares, entre elas o câncer. O material é proibido em 45 países, mas no Brasil apenas alguns estados, como São Paulo e Pernambuco, não permitem seu uso nas indústrias. Projetos de lei que tramitam na Câmara Municipal de Curitiba e na Assembléia Legislativa do Paraná pretendem banir o amianto nas indústrias locais.

Um seminário promovido ontem, no auditório da Câmara, debateu os riscos dessa fibra mineral aos trabalhadores e à população em geral. Na capital, se o projeto da vereadora Noêmia Rocha (PMDB) for aprovado, a nova lei deve entrar em vigor até o fim do ano

O material ainda é bastante utilizado principalmente nas indústrias de fibrocimento, têxtil e construção civil, mas é comprovadamente perigoso quando inalado. Os efeitos aparecem em média de 10 a 15 anos depois do contato.

De acordo com o pneumologista, especialista em saúde pública e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz Hermano Albuquerque de Castro, o amianto é perigoso quando inalado, pois solta pó durante a fabricação de produtos. Para quem não trabalha diretamente com o material em fábricas, a contaminação pode acontecer quando a pessoa mexe com algum objeto que contenha a fibra. Castro explica que uma pessoa que vá lavar a caixa d’água pode aspirar amianto, pois acaba esfregando o local e o atrito libera resíduos. Isso também acontece com luvas de cozinha ou chapas usadas para aquecer a comida no fogão. "Quanto mais velho o objeto, maior a chance de ele soltar resíduos durante o contato", alerta o médico. "O ideal é que as pessoas que possuem caixa d’água antigas as troquem."

Ele diz que até para trocar as telhas feitas com esse material a pessoa deve chamar a Vigilância Sanitária. "Na hora de cortá-la libera resíduos de amianto. É isso que faz mal", alerta Castro.

Depois de um tempo de contato com ele, a pessoa pode desenvolver fibrose pulmonar, que deixa o pulmão rígido e provoca dores fortes durante a respiração. Câncer de pulmão e de pleura – membrana que envolve o órgão – também são frequentes. A fibrose se desenvolve em trabalhadores de indústrias, mas as outras doenças podem ocorrer em qualquer pessoa que tenha mantido contato.

Em Curitiba, três indústrias usam o amianto na fabricação de produtos. Embora a Organização Internacional do Trabalho estabeleça normas que devem ser seguidas pelos funcionários para diminuir a contaminação, não há como evitá-la totalmente.

O aposentado Herbert Fruehauf sofre de fibrose pulmonar e câncer na pleura, doenças adquiridas após anos de trabalho na manutenção de indústrias de fibrocimento. Ele conta que os donos das indústrias davam orientações simples sobre a contaminação, insuficientes para impedir que ele ficasse doente. As doenças foram diagnosticadas há dez anos, mas ainda hoje ele corre atrás de tratamento.

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