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Um fato ocorrido após a prisão do ex-delegado geral Marcus Vinicius da Costa Michelotto e de outros policiais civis acusados de participação em esquema de exploração de jogos de azar em Curitiba teria motivado o pedido de prorrogação da prisão temporária feito pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). O pedido, no entanto, foi negado na semana passada pela Justiça. Esse episódio registrado pelo MP poderia atrapalhar a investigação.

Os quatro promotores que apuram o caso concederam uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (16), na sede do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP responsável pelas investigações. "Surgiu um acontecimento que justificou o pedido de prorrogação de alguns dos investigados", disse o promotor André Glitz, do Gaeco.

A coletiva, contudo, serviu para rebater as críticas que o grupo acabou recebendo do ex-delegado-geral. Na tarde desta quinta-feira, Michelotto concedeu entrevista à TV Bandeirantes e afirmou que a operação teve caráter político para tentar desgastar o governo estadual.

"Foram três tentativas de mandado de busca na minha residência (nos últimos meses). Isso mostra o interesse em desgastar o ex-delegado-geral para atingir o governo", afirmou Michelotto, na entrevista à TV.

O delegado ressaltou que sua prisão é consequência da queda de braço estabelecida entre o secretário da Segurança Pública do Paraná, Cid Vasques, e o Gaeco, na polêmica do rodízio de policiais no órgão do MP. Procurado por diversas vezes, pela sua assessora de imprensa e pelo seu advogado, Michelotto não quis, até o momento, conversar com a reportagem sobre os fatos. Prorrogação das prisões

Os promotores não quiseram detalhar qual fato motivou o pedido de prorrogação. Apesar disso, ficou nas entrelinhas que o acontecimento teria a ver com Michelotto e outro policial detidos. Apenas os dois tiveram um pedido de prorrogação protocolado (negado pela Justiça). Mesmo assim, os promotores destacaram que a investigação já passou pelo crivo do juízo de primeiro grau, que concedeu as prisões temporárias e os mandados de busca da operação e pela avaliação do Tribunal de Justiça, já que um desembargador havia negado, na semana passada, um pedido de habeas corpus ao ex-delegado-geral. No despacho, o próprio magistrado havia deixado claro que havia fortes indícios de crime.

Segredo de justiça "As prisões foram expedidas estavam baseada em elementos de provas, que não podemos informar (em razão do sigilo decretado pela Justiça sobre a investigação)", afirmou o coordenador do Gaeco de Curitiba, Denílson Soares de Almeida.

De acordo com ele, os pedidos de prisões foram feitos no dia oito de novembro. A justiça ficou com os pedidos por quase um mês analisando os fatos e acabou expedindo as prisões no dia quatro, mas apenas no dia cinco de dezembro à tarde os promotores receberam as prisões. Os policiais foram presos no último dia 10.

"Participaram da operação cerca de 200 pessoas, entre policiais e funcionários do MP. Isso não pode ser feito do dia para outro", explicou o promotor. Ele se referiu a outra crítica feita pela polícia sobre a operação realizada no mesmo dia em que a renovação da licença de Vasques seria votada no Conselho Superior do MP. "Fosse um dia depois, seria retaliação, fosse antes, seria pressão, mas foi uma medida (a prisão) técnica", disse Almeida.

Segundo outro promotor, André Glitz, o Gaeco também não poderia esperar mais tempo com os mandados na mão pelo risco de vazamento, o que comprometeria a ação. Glitz esclareceu também que a investigação começou em fevereiro e, entre o início e as prisões, os promotores fizeram vários requerimentos e medidas que acabaram baseando as prisões. "É uma questão técnica e não aleatória.

Chaveiro e Corregedoria

A presença de um chaveiro para abrir a porta do apartamento do ex-delegado-geral durante o cumprimento das prisões e a falta de um delegado da corregedoria também teria sido alvo das críticas de Michelotto. Os promotores disseram que permaneceram por quase 40 minutos tocando a campainha. Depois de não serem atendidos, chamaram um chaveiro. Sobre a presença de um delegado da corregedoria, lembraram que não há obrigação legal e cumpriram o mandado pessoalmente para não expor os policiais civis a qualquer retaliação futura.

Michelotto

O ex-delegado geral negou, na entrevista à TV Bandeirantes, qualquer relação com a "mansão-cassino" ou com o jogo ilegal. Ele acusou os policiais que invadiram a mansão, em protesto, no ano passado, de roubar e torturar pessoas que frequentavam o local. Além disso, Michelotto acusou o Gaeco de realizar as prisões sem provas. Ele ressaltou que, durante o depoimento, nem sequer foi perguntado sobre o caso de forma específica, apenas foi questionado se conhecia algumas pessoas ou se teve encontro com outras.

"(Os promotores do Gaeco) Exercem a função pautada por ódio, vingança e não têm limite para denegrir a Polícia Civil", disse.

Segundo Michelotto, ele recebeu telefonemas de solidariedade do governador Beto Richa e do senador Roberto Requião. "Recebi apoio imediato", afirmou.

O delegado também falou que as investigações do Gaeco quase sempre acabam arquivadas por falta de provas. Ele pediu ainda, ao vivo, que o procuragor-geral de Justiça, Gilberto Giacóia, retire os promotores atuais da investigação e coloque outros. Ele finalizou com um recado aos policiais. "Não abaixem as cabeças. Tenham orgulho de ser policial porque nós sim fazemos serviços relevantes para a sociedade".

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