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Meio ambiente

Proteção de onças depende de recursos

Sem dinheiro, projeto de conservação de felino no parque nacional do iguaçu está há seis anos parado

Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). (Foto: Divulgação)

Foz do Iguaçu – Apesar de ser um dos últimos refúgios da onça-pintada no Sul do Brasil, o Parque Nacional do Iguaçu, reserva de 185 mil hectares entre o Brasil e a Argentina, não possui recursos disponíveis para manter o projeto Carnívoros do Iguaçu, voltado à preservação da espécie. Ameaçada de extinção, a onça-pintada ainda sobrevive no lado brasileiro porque há mata nativa na vizinha Argentina.

O chefe de Áreas de Conservação e Manejo do Parque Nacional, Apolônio Rodrigues, diz que o Projeto Carnívoros do Iguaçu está parado há seis anos por falta de verba. Rodrigues explica que atualmente o trabalho com as onças-pintadas resume-se ao registro da espécie, feito com o uso de seis câmeras fotográficas colocadas em pontos estratégicos da reserva, no lado de Foz do Iguaçu. Caso o projeto seja retomado, os biólogos pretendem monitorar as onças por meio do uso de rádio-colares. "A idéia é entender o que está acontecendo com a população de onças", diz Rodrigues.

Além do Parque Iguaçu, onde não existem informações precisas sobre o número de onças, no Paraná também há vestígios da espécie no Parque Nacional de Ilha Grande, em Guaíra, em Superagüi e na Baía de Guaratuba. O Parque Estadual do Turvo, no Rio Grande do Sul, é a outra reserva brasileira do Sul do país que abriga os felinos.

Sobrevivência

O biólogo do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Peter Crawshaw Júnior, analista ambiental no Pantanal, diz que a onça-pintada ainda sobrevive no Parque Nacional do Iguaçu e no Parque Estadual do Turvo porque há uma conexão existente entre a floresta subtropical dos territórios brasileiro e argentino. Esse corredor florestal possibilita às onças se deslocarem e terem opções de alimentação. Por isso é importante o trabalho conjunto entre brasileiros e argentinos para preservação da espécie, o que já vem ocorrendo a partir do Paraná e Rio Grande do Sul.

Na década de 90, Crawshaw fez um trabalho com onças no Parque Nacional do Iguaçu. Na ocasião, foram mapeados cerca de 130 animais, mas hoje sabe-se que a população é bem menor.

Segundo o biólogo, o desaparecimento das onças deve-se ao conflito na coexistência com o homem. Caçadores buscam capivaras, queixadas e catetos, presas do felino, enquanto colonizadores desmatam as florestas, inclusive no lado argentino, dificultando a sobrevivência da espécie. A matança das onças por fazendeiros também é uma ameaça à espécie.

A auto-sustentação das unidades de conservação, como o Parque Nacional do Iguaçu, é um desafio para o Brasil. O assunto começou a ser discutido ontem no 5.º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, aberto ontem em Foz do Iguaçu. O evento reúne cerca de 1,6 mil especialistas até o próximo dia 21.

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