
O protesto contra a homeopatia realizado ontem em 25 países, inclusive no Brasil em São (SP) Paulo, Natal (RN) e Porto Alegre (RS) , reacende a discussão sobre os benefícios dos medicamentos homeopáticos. A reação ao protesto foi acalorada e manifestações a favor da homeopatia também ganharam as ruas no Rio de Janeiro. De um lado, críticos alegam que esses medicamentos são "água com açúcar"; de outro, adeptos do método dizem que o que há é falta de informação.
"Nosso foco não é acabar com essa prática, mas chamar a atenção para algumas características, como a falta de validação científica dos efeitos, e abrir a discussão se realmente vale a pena gastar dinheiro para usar produtos que não têm efeitos comprovados", diz o biólogo Rafael Soares, da Sociedade Merseyside de Céticos.
"Um ato de irresponsabilidade contra a saúde pública", classificou em nota a presidente da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), Márcia Gutierrez, sobre o ato do movimento dos céticos contra a homeopatia. Às 10h23 de ontem, cerca de 20 pessoas se reuniram em uma praça em São Paulo para tomar uma "overdose homeopática". Cada um dos participantes ingeriu um vidro inteiro do medicamento para tentar comprovar a ineficácia do método. Para a ABFH, o ato pode configurar crimes de indução ao suicídio, infração de medida sanitária preventiva e incitação ao crime.
"Essa é uma questão pública porque o governo vem intensificando o investimento em incentivos para que as pessoas optem por tratamentos homeopáticos. Se uma pessoa quer usá-los, mesmo não tendo validade, é uma decisão que cabe a ela. O problema é quando o poder público passa a gastar dinheiro em prol de uma coisa que não funciona", diz Soares.
A Organização Mundial de Saúde orienta o uso terapêutico da homeopatia e comprova que ele vem crescendo em todo o mundo o que pode ter gerado incômodo para as indústrias farmacêuticas e, consequentemente, parte das críticas, segundo o presidente da Associação Médica Homeopática Brasileira, Carlos Fiorot.
Para Clodoaldo Turbay Braga, vice-presidente da Associação Médica Homeopática do Paraná, a falta de informações leva à resistência. "Muitas pessoas ainda confundem homeopatia com fitoterapia, prescrição de chás ou tratamento com ervas, e criticam a prática sem sequer saber o que ela é."
Tratado com homeopatia na infância, o médico psiquiatra e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Dagoberto Requião diz que não usa o método no consultório, mas não se opõe à prática. O importante é que profissionais e pacientes saibam os limites da homeopatia. "Ela não serve como tratamento exclusivo para todos os males." Fiorot diz que a técnica pode ser usada no tratamento de todos os problemas de saúde, como recurso exclusivo ou de apoio, mas em alguns casos deve ser combinada com outro tipo de procedimento médico.
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