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medicina

Protesto põe em dúvida efeitos da homeopatia

Para críticos, método é enganação. Defensores dizem que polêmica se deve à desinformação

Funcionárias de laboratório em Curitiba produzem remédios homeopáticos | Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo
Funcionárias de laboratório em Curitiba produzem remédios homeopáticos (Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo)

O protesto contra a homeopatia realizado ontem em 25 países, inclusive no Brasil – em São (SP) Paulo, Natal (RN) e Porto Alegre (RS) –, reacende a discussão sobre os benefícios dos me­­di­­camentos homeopáticos. A reação ao protesto foi acalorada e ma­­nifestações a favor da homeopatia também ganharam as ruas no Rio de Janeiro. De um lado, críticos alegam que esses medicamentos são "água com açúcar"; de outro, adeptos do método dizem que o que há é falta de informação.

"Nosso foco não é acabar com essa prática, mas chamar a atenção para algumas características, como a falta de validação científica dos efeitos, e abrir a discussão se realmente vale a pena gastar di­­nheiro para usar produtos que não têm efeitos comprovados", diz o biólogo Rafael Soares, da Socie­­­dade Mersey­side de Céticos.

"Um ato de irresponsabilidade contra a saúde pública", classificou em nota a presidente da Asso­­ciação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), Márcia Gu­­­­tierrez, sobre o ato do movimento dos céticos contra a homeopatia. Às 10h23 de ontem, cerca de 20 pessoas se reuniram em uma praça em São Paulo para tomar uma "overdose homeopática". Cada um dos participantes ingeriu um vidro inteiro do medicamento pa­­ra tentar comprovar a ineficácia do mé­­todo. Para a ABFH, o ato po­­de configurar crimes de indução ao suicídio, infração de medida sani­­tá­­ria preventiva e incitação ao crime.

"Essa é uma questão pública porque o governo vem intensificando o investimento em incentivos para que as pessoas optem por tratamentos homeopáticos. Se uma pessoa quer usá-los, mesmo não tendo validade, é uma decisão que cabe a ela. O problema é quando o poder público passa a gastar dinheiro em prol de uma coisa que não funciona", diz Soares.

A Organização Mundial de Saúde orienta o uso terapêutico da homeopatia e comprova que ele vem crescendo em todo o mundo – o que pode ter gerado incômodo para as indústrias farmacêuticas e, consequentemente, parte das críticas, se­­gundo o presidente da As­­sociação Médica Homeopática Brasileira, Carlos Fiorot.

Para Clodoaldo Turbay Braga, vice-presidente da Associação Médica Homeopática do Paraná, a falta de informações leva à resistên­­cia. "Muitas pessoas ainda confundem homeopatia com fitoterapia, prescrição de chás ou tratamento com ervas, e criticam a prá­­tica sem sequer saber o que ela é."

Tratado com homeopatia na infância, o médico psiquiatra e professor da Pontifícia Univer­sidade Católica do Paraná Dago­­­berto Requião diz que não usa o método no consultório, mas não se opõe à prática. O importante é que profissionais e pacientes saibam os limites da homeopatia. "Ela não serve como tratamento exclusivo para todos os males." Fiorot diz que a técnica pode ser usada no tratamento de todos os problemas de saúde, como recurso exclusivo ou de apoio, mas em alguns casos deve ser combinada com outro tipo de procedimento médico.

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