O consumo precoce de álcool é ainda mais arriscado para quem tem predisposição à dependência química. Conforme explica o psicólogo Celso Maçaneiro, coordenador da Clínica Nova Esperança, até os 21 anos o cérebro ainda está em formação. "Se uma pessoa ingere quantidades consideráveis de álcool desde os 13 anos, quando estiver com 17 pode ter problemas de percepção", aponta. Conseqüentemente, o adolescente terá problemas de aprendizado.
O médico psiquiatra Dagoberto Hungria Requião lembra ainda dos problemas clínicos decorrentes do consumo precoce. Entre os órgãos com potencial a terem problemas, aponta Requião, estão o fígado, o pâncreas, o estômago e até mesmo o coração (pode ocorrer insuficiência cardíaca), entre outros.
Requião levanta os riscos do consumo para pessoas que não têm predisposição à dependência. É o chamado comportamento de risco. "O adolescente ou jovem alcoolizado não se preocupa em usar preservativo, divide seringa com outros usuários, dirige bêbado. Enfim, tem uma série de atitudes arriscadas."
Portanto, ressalta o psiquiatra, é fundamental que os pais estejam atentos às companhias dos filhos, bem como no que ele faz dentro da própria casa. "As drogas lícitas são a porta de entrada para as ilícitas. Ou seja, ele vai do golinho de cerveja, do cigarro, do remédio da farmacinha caseira para a maconha, a cocaína, o crack."
E um dos resultados mais graves disso, enfatiza Requião, pode ser visto nas ruas. "Não tenho dúvida de que a origem de boa parte da criminalidade que vivemos está relacionada ao consumo de álcool na adolescência."
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