Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Turismo

Quatro dias em Curitiba

A capital atrai visitantes nos feriados longos e deixa para trás a fama de lugar de passagem. O senão é que esbarra em necessidades básicas, como lugar para estacionar

Termômetro do turismo: procura por Jardineira duplicou. Frota deve ser ampliada em breve | Fotos: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Termômetro do turismo: procura por Jardineira duplicou. Frota deve ser ampliada em breve (Foto: Fotos: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)
As estrangeiras Vitoria, Cristine e Kate: dificuldades de comunicação e de câmbio |

1 de 3

As estrangeiras Vitoria, Cristine e Kate: dificuldades de comunicação e de câmbio

O capixaba Luís Carlos Garcia: elogio à cidade, apesar da garoa e do frio |

2 de 3

O capixaba Luís Carlos Garcia: elogio à cidade, apesar da garoa e do frio

Faça seu mapa |

3 de 3

Faça seu mapa

Foi-se o tempo em que Curitiba literalmente ficava vazia durante um feriado prolongado: desde a última sexta-feira, a cidade se encheu de turistas. A expectativa da prefeitura é de que 70 mil turistas desembarquem na capital durante os quatro dias do feriado. O termômetro é o ônibus da Linha Turismo, cujo desempenho duplicou ano passado. Mas poderia ser melhor, não fosse a temporada de gripe ter feito tantas vítimas no Paraná.

Segundo o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e similares de Curitiba, Marco Antônio Fatuch, o mês de agosto teve uma queda brusca no turismo por causa do vírus H1N1. Por outro lado, com a elevação das temperaturas nas últimas semanas a rede hoteleira de Curitiba conseguiu melhorar a taxa de ocupação. Para o feriado de Sete de Setembro, pelo menos 65% de todos os apartamentos devem estar ocupados. "Foram canceladas 30% das reservas no mês passado. Estávamos desanimados, mas já houve melhora. Tivemos 15% a mais de reservas do que o previsto", diz Fatuch.

Domingueira

A reportagem da Gazeta do Povo visitou os principais pontos turísticos da capital e conversou com os visitantes. A conclusão é que nordestinos, paulistanos e estrangeiros não se intimidaram com a chuva do feriado de Sete de Setembro e lotaram a linha de ônibus Turismo – conhecida como Jardineira –, a feira do Largo da Ordem, o Jardim Botânico e o Museu Oscar Niemeyer.

"Este ônibus é uma maravilha. Facilita a vida do visitante. Estou encantado com a organização da cidade. Só faltou uma loja que venda guardachuva ou capa de chuva", afirma João Batista Aniceto, que passeava ontem com a mulher Sheila no Jardim Botânico. O casal veio de Vitória, no Espírito Santo, programado para ficar na cidade quatro dias.

Outro nordestino que não se espantou com o tempo nublado e chuvoso foi Luís Carlos Garcia, que estava ontem com a família na feira do Largo da Ordem. "Turista não tem medo de chuva. Amanhã, vou descer para Paranaguá de trem. Os pontos turísticos estão organizados e se percebe que a cidade investe para receber os turistas. É fácil encontrar os locais mais importantes para visitar", diz Luís Carlos Garcia, também de Vitória.

Um grupo de turistas de São Paulo lotava os corredores da feira do Largo da Ordem, tradicional programa de domingo na capital. "Fale rápido porque quero ver tudo antes de ir embora", disse à reportagem Maria José Puccinelli, vinda de Itatiba, São Paulo, e em busca de lembrancinhas para a família.

O trio de estrangeiras Vitoria, Cristine e Kate, vindas respectivamente de Nova Zelândia, Austrália e Zimbábue, chegaram a Curitiba ontem pela manhã para ficar apenas um dia. "Temos muita coisa para ver. A dificuldade é falar com as pessoas, porque nem todas sabem nossa língua. Também achamos complicado trocar os dólares por real", diz Kate.

Perfil

A maioria dos visitantes vem para congressos e eventos. De acordo com o Instituto Municipal de Turismo, por ano são cerca de 2,2 milhões de turistas: 33% são oriundos do Paraná, 26% de São Paulo, 13% de Santa Catarina, 11% do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro e 11% de outros estados. Os estrangeiros não somam 5%. "Estamos trabalhando com ações para promover na cidade o turismo de lazer", diz Adriane Vortolin, gerente do instituto. Neste ano, foi feita uma parceria com o Núcleo de Receptivo – que engloba diversas agências de viagens – para que divulguem Curitiba como uma cidade para ser visitada também para o lazer. "Não é fácil. Precisamos que o setor privado desperte o interesse para receber o turista. Já vejo, porém, uma grande melhoria nos últimos anos", afirma Adriane.

A linha de ônibus turística é um bom exemplo de que a cidade tem sido requisitada pelo público de fora. Só no ano passado, a Linha Turismo, no feriado de Sete de Setembro, aumentou a procura em 100,23%: foram vendidas 5,8 mil passagens, contra 2,9 mil comercializadas em dias normais. Estudos do Instituto Municipal de Turismo mostram que nos feriados prolongados – os que somam mais de quatro dias – há um aumento de 189,50% no fluxo de turistas na Linha Turismo e na Torre Panorâmica das Mercês.

A linha passa pelos principais pontos turísticos da cidade, principalmente parques, e deve receber, até o final do ano, pelo menos mais quatro veículos com o double-deck – os que têm forro aberto. A prefeitura estuda a possibilidade de tornar a passagem "passe livre", ou seja, a pessoa paga e depois pode subir e descer do ônibus quantas vezes quiser. Hoje, são permitidos quatro desembarques. O curitibano também pode ser beneficiado: o poder municipal estuda uma forma de adotar um valor diferenciado das passagens para quem mora na capital.

Avanços

Para os guias de turismo, a cidade tem acordado aos poucos para receber as pessoas de fora. Oferece boa infraestrutura, com bons restaurantes, locais para visitação e uma agenda cultural diversificada. Por outro lado, ainda sofre com a falta de segurança, com o despreparo de comerciantes para atender estrangeiros e com a falta de estacionamento nos pontos mais visitados. "Uma vez, levei um grupo de senhoras alemãs para fazer compras na XV de Novembro. Um intérprete foi junto porque sei que o pessoal não fala outros idiomas. O pior é que as turistas só tinham dólares para pagar as compras e a dona da loja disse que não aceitava a moeda, porque não sabia converter dólar em real", conta o guia de turismo Luiz Carlos Passos. A vida noturna de Curitiba, segundo Passos, inda é muito voltada apenas para os moradores. "Veio um grupo de nordestinos que queria se divertir à noite e não havia opção de música para eles. É complicado", fala.

Para a guia de turismo Ângela Maria Porcote, a cidade está pronta, mas precisa de alguns ajustes. "O problema é a falta de estacionamento nos espaços turísticos e nos hotéis do Centro. Além disso, falta segurança e existem muitos mendigos que incomodam e desvalorizam a cidade". Adriane explica que a prefeitura já estuda melhorar o estacionamento para os ônibus de turismo no Jardim Botânico – uma das atrações mais procuradas – e ainda criar uma central de guias turísticos no local. "A ideia é que esta central disponha de guias para serem contratados imediatamente. E que eles possam colaborar com os turistas que chegam ali", afirma.

Zoológico

Como o Jardim Zoológico fica em um ponto mais afastado da cidade e não tem uma linha de ônibus de turismo especial para aquela região, o local, ontem, estava mais tranquilo, principalmente por causa da chuva. Grande parte dos visitantes era de moradores de Curitiba. "Está sossegado. Isso aqui, em dia de sol, é um fervo", afirma Patrícia Malheiro. Agentes da Diretran fizeram uma operação especial no estacionamento do Zoológico, neste feriado, para evitar o problema de lotação e, consequentemente, de diversas infrações de trânsito que vinham ocorrendo nos últimos finais de semana.

Amanhã, a previsão do tempo, segundo o Instituto Meteo­ro­lógico Simepar, é de céu nublado com pancadas de chuvas durante todo o dia.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.