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Assista à reportagem em vídeo| Foto: TV Globo

São Paulo – A prática de quebrar um comprimido pela metade para alcançar a dose prescrita pelo médico pode prejudicar o tratamento ou expor o paciente a uma superconcentração do remédio, deixando-o vulnerável a efeitos tóxicos.

Uma pesquisa realizada por farmacêuticos do setor de manipulação mostra que as metades obtidas na partição do comprimido apresentam uma variação de conteúdo além dos limites recomendados. Foram analisados dois diuréticos – o furosemida 40 mg e o espironolactona 25 mg. O estudo aponta que a partição resulta em "significativa diferença’’ de massa entre as partes e perda de partículas.

Os comprimidos analisados na pesquisa são de liberação sustentada, ou seja, após a ingestão, são absorvidos pouco a pouco pelo organismo.

"Esse tipo de medicamento não deve ser partido em nenhuma condição’’, afirma Vanessa Pinheiro, coordenadora da pesquisa e integrante da Câmara Técnica da Anfarmag (associação que representa o setor de manipulação). Segundo ela, porém, a quebra é desaconselhável em qualquer caso, mesmo quando o medicamento for fabricado com um sulco para facilitar a partição. "Vimos que a posologia (indicação de doses) acaba comprometida quando o remédio é quebrado’’, disse ela.

Segundo a diretora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Terezinha Andreoli Pinto, a maioria dos comprimidos sulcados não se presta a uma divisão "perfeita’’.

Quando quebrado, além da falta de uniformidade, o remédio pode sofrer alterações no teor ou se degradar em substâncias que tenham toxicidade. "Em certos casos, há um limiar muito estreito entre a perda do valor terapêutico e uma agressão tóxica’’, disse Terezinha, que diz ver um "risco grave’’, especialmente quando a quebra ocorre sem orientação médica. A pesquisa sobre partição de comprimidos não analisou os efeitos das meias doses em pacientes. "Não podemos precisar os males que essa prática causa, mas certamente há um prejuízo no tratamento’’, diz Vanessa Pinheiro.

O farmacêutico-chefe do Incor-SP, Valter Garcia Santos, conta que já teve casos de pacientes que compraram comprimidos em concentrações inadequadas, tiveram de parti-los e comprometeram o tratamento. "Alguns sofriam de hipertensão e, como partiam o remédio, não conseguiam o controle adequado da pressão’’.

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