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O agricultor Adenilson Pereira Santiago, 47, de Nova Marilândia (MT), perdeu 900 hectares (o equivalente a 46 campos de futebol) de plantação de milho por causa de um incêndio no início do mês.

“Meu prejuízo foi de ao menos R$ 200 mil”, conta. “Mas não dá para colocar a culpa em ninguém. Está muito seco, não chove desde o começo de junho e o vento está forte, o que faz com que o fogo se alastre muito rápido.”

A escassez de chuva desde o segundo semestre de 2014 provocou um “estresse vegetal” e uma alta de 28,5% nos registros de queimadas no país nos primeiros dez dias de agosto na comparação com o ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A falta de chuvas é resultado do El Niño, que está mais intenso neste ano. O fenômeno impede a formação de nuvens de chuva, favorecendo o calor e o tempo seco em quase todo o Brasil.

No ano, já foram detectados 48.687 focos de incêndio no país. O Estado com mais ocorrências é Mato Grosso.

“A situação é preocupante, porque há uma tendência de que os incêndios e queimadas se agravem devido à desidratação da vegetação”, disse Christian Berlinck, coordenador de emergências ambientais do ICMBio, autarquia federal.

A pesquisadora Anna Bárbara Coutinho de Melo, do Inpe, diz que o tempo seco devem permanecer. O El Niño deve ter seu pico entre outubro e novembro, e só deve se despedir no outono de 2016.

Outros danos

Além do prejuízo material, as queimadas causam danos à saúde, como agravamento de problemas respiratórios.

Em Mato Grosso, as aulas de educação física nas 753 escolas estaduais foram suspensas, afetando 410 mil alunos. A umidade do ar em Cuiabá está em 16% (o deserto do Saara registra, em média, entre os 10% e 15%), e não há previsão de chuvas para os próximos dias.

Em Rondônia, o prejuízo é ambiental. O fogo já consumiu parte do Parque Nacional dos Campos Amazônicos e de terras indígenas. Em Tocantins, 27 municípios da região sudeste do Estado estão em situação de emergência.

Em São Paulo, por sua vez, as queimadas atingem plantações de cana-de-açúcar e terrenos baldios. Do começo do ano até agora, já foram 1.119 casos. A maioria está na região oeste, seguida da noroeste e central.

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