
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) anunciou ontem que vai oferecer denúncia à Justiça contra 14 policiais civis e um policial militar envolvidos nas investigações da morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. Um ex-PM, dois "presos de confiança", dois guardas municipais e um carcereiro também serão acusados formalmente pela promotoria.
Todos, de alguma forma, teriam participado da tortura de quatro rapazes presos acusados da morte da menina ou teriam se omitido diante dos excessos. As apurações foram conduzidas pelo Grupo de Atuação especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Entre os denunciados está o delegado Silvan Rodney Pereira, que já está preso. Ele era titular da Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, e comandou o início das investigações do assassinato da jovem. Outros 13 policiais civis entre eles uma escrivã completam a lista das 21 pessoas que serão denunciadas à Justiça.
De acordo com o Gaeco, 19 serão denunciados por participação na tortura dos quatro rapazes que inicialmente eram suspeitos de terem matado e estuprado Tayná. Dois também devem responder por estupro por terem obrigado os presos a manterem relações sexuais entre si. Um dos policiais será denunciado por abuso de autoridade e lesão corporal grave, e a escrivã, por falso testemunho.
Indícios
O Gaeco ouviu, no total, 61 testemunhas. Entre elas, os quatro suspeitos do crime, que teriam sido vítimas da tortura. Os rapazes, que estão fora do estado sob a guarda do Programa de Proteção a Testemunhas, foram interrogados em três ocasiões diferentes, segundo o coordenador do órgão, Leonir Batisti.
O Gaeco também confirmou ter obtido indícios materiais de que teria havido tortura. Foram apreendidos, em especial, três objetos. O primeiro é um cassetete recolhido na Delegacia de Campo Largo, compatível com a agressão sofrida por um dos presos. Na Delegacia do Alto Maracanã, foram encontrados sacos plásticos, que teriam sido usados para sufocar os presos durante as agressões.
O último objeto que serviu de base às denúncias foi uma máquina de choques, encontrado na residência do investigador Rudi Elói, que trabalhava no Alto Maracanã. Na mesma operação, o Gaeco já havia recolhido R$ 50 mil em espécie e duas armas de fogo sem documentação.



