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Aviação

Raio laser põe voos em risco

Dispositivo, semelhante aos modelos usados em aulas e palestras, tem sido direcionado para aviões prestes a pousar em aeroportos brasileiros

Pouso no Afonso Pena: raio pode distrair piloto e causar acidente | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Pouso no Afonso Pena: raio pode distrair piloto e causar acidente (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

A popularização de aparelhos de raio laser verde no Brasil está preocupando as autoridades aeronáuticas do país. No ano passado foram registrados cerca de 60 incidentes em que esses dispositivos, semelhantes aos modelos usados em aulas e palestras (porém com um feixe de alcance e luminosidade bastante superiores), foram direcionados para aviões prestes a pousar ou logo após a decolagem, colocando em risco a segurança dos voos.Além de causar cegueira temporária e outros danos à visão dos pilotos, os raios podem distraí-los, aumentando as chances de um acidente, podendo inclusive provocar a queda de uma aeronave. "A aproximação para pouso e a decolagem são as fases mais críticas de voo. O piloto tem de estar com a atenção totalmente voltada para esses procedimentos, pois qualquer distração coloca em risco a operação", afirma o chefe do Cen­tro de Investigação e Pre­venção de Acidentes Aero­náuticos (Cenipa), brigadeiro Pompeu Brasil.

De acordo com o Cenipa, os delitos foram registrados em 12 aeroportos do país. Na avaliação do órgão, o número de ocorrências, no entanto, é muito maior, pois nem todos os pilotos relatam às autoridades.

No aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por exemplo, já há relatos de passageiros sobre o incidente, embora ainda não haja registros oficiais. Desde novembro do ano passado, quando começou a viajar regularmente para Manaus, o arquiteto Rodrigo Mathias, 26 anos, conta que presenciou o delito três vezes ao decolar e pousar na capital fluminense. "Aconteceu à noite, quando o avião não estava voando muito alto. Dá para ver um ponto luminoso verde no chão. Como a pessoa fica manipulando o feixe, quando ele te atinge, ofusca a visão", diz. O passageiro conseguiu identificar a origem dos raios: bairros da zona norte da capital carioca e municípios da região metropolitana do Rio.

Crime

A prática é crime e a punição prevista no Código Penal é de detenção de 2 a 5 anos. Em um dos casos ocorridos no ano passado, um piloto avisou imediatamente a torre do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Uma unidade da polícia foi acionada e enviou um helicóptero, que identificou a origem do laser e informou uma viatura. Ao chegar ao local, os policiais descobriram que o responsável era uma criança e levaram o pai para a delegacia.

Um alerta de voo emitido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em agosto do ano passado pede que os pilotos redobrem a atenção ao detectar a interferência de raios laser. O Cenipa orienta os tripulantes a relatar os casos, mas também recebe denúncias de passageiros e outras pessoas por meio de sua página na internet, com garantia de anonimato.

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