
Nada de noite e luzes coloridas. No Chemical Music Festival, que aconteceu ontem, a iluminação do sol e a chuva deram o clima à festa de música eletrônica que reuniu mais de 7 mil pessoas na sede campestre do Paraná Clube, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba. A "day light party" (ou festa à luz do dia) foi a tendência européia adotada pela organização do evento por razões legais a proibição de venda de bebidas alcoólicas após as 22 horas no município. A mudança de horário deu certo e, mesmo sob pancadas de chuva, o público dançou sem cansar ao som da música trance, techno, house, eletro e longe, divididos em três tendas.
A diversidade de tendências eletrônicas refletiu-se nas mais variadas tribos dos rastafaris às "patricinhas", passando pelos alternativos e surfistas, a multidão assumia tantas caras e jeitos que seria impossível definir um perfil. "Curitiba é uma ilha, cada tribo na sua, mas aqui as tribos se misturam", comenta Leandro Karam. "A diferença para outras festas é a permanência, aqui o pessoal fica muitas horas. Vêm muitos grupos de amigos, é como um domingo no parque", opina.
Se o senso comum leva muitos a imaginarem a rave como uma balada mais perigosa do que as outras, na prática o clima é até mais pacífico. Para Carlos Siviate Júnior, organizador do Chemical Music Festival, a rave "é um tipo de festa que não tem confusão." "As pessoas vêm mesmo para dançar e se divertir, quem briga leva vaia, é hostilizado", defende. O horário também contribui. "É melhor porque as pessoas chegam com a cara limpa, mais descansadas", diz Siviate.
As maiores ameaças em uma festa que se estende por tantas horas são o sol e a má alimentação, que causam insolação, crises de hipertensão ou pressão baixa, afirma a médica Margareth Bluºmental, uma das responsáveis pelo atendimento de emergência. "Os jovens vêm sem comer direito, muitas vezes jantaram pouco e não tomaram café da manhã, não bebem água e não comem aqui porque é caro. E ficam dançando sob o sol", explica. Há também problemas de excesso de ingestão de bebidas alcoólicas, mas esses, segundo a médica, são menos comuns.



