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Meio ambiente

Recife artificial deve garantir pesca no Paraná

Pontal recebe o primeiro projeto licenciado pelo Ibama no país. Programa vingou depois de sete anos de estudos

Recifes artificiais são lançados ao mar: blocos de concreto especial com abertura central para facilitar a fixação de organismos | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Recifes artificiais são lançados ao mar: blocos de concreto especial com abertura central para facilitar a fixação de organismos (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)
Confira a localização dos dez pontos que receberão recifes artificiais |

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Confira a localização dos dez pontos que receberão recifes artificiais

O primeiro projeto de recifes artificiais licenciado no país – o Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar) – foi lançado ontem, com a instalação de 30 habitats na costa de Pontal do Paraná.

Recifes artificiais são conjuntos de estruturas introduzidas intencionalmente no fundo do mar para atrair peixes e outras espécies por fornecer comida, abrigo e um local de fixação para os animais. Pilares de piers, colunas, cascos de barcos e navios, fundações de plataforma de petróleo e mesmo rochas naturais também são usados para este fim. Como explica o biólogo Cláudio Dybas da Nativi­dade, coordenador do Programa Rebimar, o uso de recifes artificiais existe há mais de 300 anos.

Por causa do grande número de navios industriais de outros estados e até de outros países na costa do Paraná, os pescadores artesanais da região estão sendo prejudicados. Mesmo assim, houve resistência das comunidades locais em relação ao projeto. Assim como os grandes barcos industriais, os pescadores locais também usam a técnica do arrasto, mas o impacto ambiental provocado por eles é infinitamente menor. Mesmo assim, muitos pescadores alegaram que o lançamento dos recifes prejudicaria a captura de animais. Foi preciso muito diálogo para chegar a um acordo. "Eles participaram de tudo. Definiram onde se­­riam instalados os recifes, decidiram pela sinalização das estruturas e por criar pequenas áreas de proteção de ecossistemas marinhos para ajudar a recuperar a produtividade marinha. Os pescadores de todo o litoral do estado também farão parte do comitê de acompanhamento do programa", explica Natividade.

O pescador Jair Crisanto da Silva, de 73 anos, é um dos parceiros do projeto. "Alguma coisa precisa ser feita porque o mar está ficando sem peixe. A gente pensava que nunca ia acabar, mas hoje sabemos que as coisas mudaram", conta.

Antes da instituição da Instru­ção Normativa do Instituto Brasi­leiro do Meio Ambiente e dos Re­cur­­sos Naturais (Ibama) n.º 125, em 2006 – que serve para orientar a aplicação e o uso dos recifes artificiais de modo responsável –, o Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR) lançou entre 1998 e 2002 o projeto Recifes Artificiais Marinhos (RAM), responsável por afundar cerca de 2 mil estruturas de concreto e duas balsas entre a costa de Pontal do Paraná e Matinhos.

Os mais recentes habitats artificiais projetados pelo Projeto Rebimar, os chamados recifes de recrutamento larval (RRL), são blocos de concreto especial (que não causam danos ao ecossistema marinho), de superfície plana e rugosa e com abertura central em forma de trevo, para facilitar a fixação de organismos. Foram autorizados pela Marinha e pelo Ibama o lançamento de 9.480 RRLs, divididos em 79 grupos de 120 estruturas, além de 719 estruturas de unidades antiarrasto na plataforma continental rasa do estado, que serão instaladas em Guaratuba, Matinhos, Guaraqueçaba e Para­na­­guá, além de Pontal do Paraná. A primeira etapa do projeto será concluída nos próximos meses.

O programa, que levou cerca de sete anos para ser colocado em prática, é financiado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e executado por uma parceria entre a UFPR, a CEM, a Funpar, com apoio da Asso­ciação Mar Brasil.

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