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A redução do volume do rio Pardo, causado por uma das piores secas da história do Estado de São Paulo, será ainda maior a partir da próxima terça-feira (21), agravando os problemas verificados ao longo do curso d'água por causa da falta de chuvas.

A AES Tietê, terceira maior companhia privada de geração de energia do país e que possui usinas ao longo do rio, informou nesta sexta-feira (17) que vai reduzir as vazões de água das usinas de Caconde (a 288 km de São Paulo) e Limoeiro, em Mococa (a 262 km de São Paulo), localizadas na cabeceira do Pardo.

Se por um lado, o reservatório de Caconde vai esvaziar menos em decorrência da menor vazão --uma reivindicação constante dos setores de piscicultura e turismo, do outro, liberará menos água para o restante do rio, o que, segundo o presidente do Comitê da Bacia do Pardo, Dimar de Brito, agravará os prejuízos ambientais.

De acordo com ele, o menor volume de água pode aumentar a mortandade de peixes e dificultar a diluição de poluentes, gerados pelo despejo irregular de esgoto --e até de resíduos tratados.

"É extremamente preocupante [a diminuição das vazões]. Vai diminuindo a água do rio. Estamos perdendo peixes. Além disso, empresas de algumas cidades ainda despejam esgoto. Até os [resíduos] tratados preocupam, porque demora para serem diluídos", afirmou Brito.

Ele contou ainda que o turismo náutico em algumas partes do rio já não é mais realizado. A seca prejudicou ainda a pesca de lazer. No rio, as espécies mais encontradas são a piapara, dourado e piaba.

Segundo a AES informou nesta sexta, em Caconde a vazão passará de 15 mil litros por segundo para 10 mil litros/s. Na de Limoeiro será reduzida de 19 mil para 13 mil.

Em situações normais, Caconde tem vazão média de 43 mil litros por segundo. E em Limoeiro, de 73 mil.

Não haverá impacto direto no abastecimento de água, porque somente um município, São José do Rio Pardo (a 254 km de São Paulo) capta água diretamente do rio. Outras cidades --localizadas nas imediações ao longo do Pardo, captam apenas de seus afluentes.

Pior seca

O gerente de operações da AES Tietê, Antônio Carlos Garcia, disse que o objetivo é fazer com que o reservatório de Caconde esvazie numa velocidade menor.

"É pior seca desde 1969 [na região onde as usinas estão instaladas]", afirmou.

De acordo com a AES, a decisão de diminuir as vazões atende a recomendações do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), ANA (Agência Nacional de Águas) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Para Garcia, o país está preparado para enfrentar novas estiagens no futuro."Há pesquisas com novas fontes de energia, ampliação de usinas hidrelétricas, termelétricas, linhas de transmissão", afirmou, acrescentando que são todos investimentos feitos ao longo dos anos para suportar a demanda de energia no país em todas as épocas, mas principalmente, quando há falta de chuvas.

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