
A preocupação com o cumprimento dos prazos para a Copa de 2014 em Curitiba não se restringe apenas às obras de mobilidade urbana e no Aeroporto Afonso Pena. O palco principal da festa, a Arena da Baixada, também. O estádio, que era considerado praticamente pronto, agora está cercado de indefinições financeiras que tendem a extrapolar o prazo previsto de conclusão para o final de dezembro de 2012.Por se tratar de uma obra de ampliação e não de uma construção a partir do zero, a Arena se colocou em uma posição invejável em relação a outros estádios, quando da escolha das 12 subsedes, em maio de 2009. Era apontado como o mais adiantado de todos, com um cronograma folgado e tudo dentro do prazo. Enquanto nas outras sedes era só indefinição, Curitiba corria na frente.
A situação, porém, se inverteu. Agora é o estádio atleticano que começa a preocupar. Aumentos no orçamento que começou em R$ 69 milhões e chegou a R$ 220 milhões jogaram a Arena para o campo das incertezas, inclusive com a ameaça de ficar de fora da festa. O início das obras, previsto para abril deste ano, foi adiado para junho. O último aumento no orçamento, entretanto, pegou a todos de surpresa e agora o governo do estado, a prefeitura e o Atlético correm atrás de uma solução para bancar a diferença e garantir a conclusão dentro do prazo.
Apesar da dificuldade em achar um caminho definitivo, o secretário estadual para assuntos da Copa, Mário Celso Cunha, afirma que os imprevistos fazem parte de todo o processo, mas que tudo está sob controle. "Não houve atraso. É que a conversação é demorada, requer modificações e alterações. É normal que isso aconteça. Enquanto estivermos dentro do prazo, é uma normalidade. Mas tudo está caminhando bem", diz.
O desejo de ter a Arena como um dos estádios na Copa das Confederações, em 2013, ainda é viável. A previsão de 18 meses para a conclusão é plausível, mas exige atenção, principalmente às movimentações do mercado da construção civil. "É um prazo bastante apertado, mas não impossível. Não é uma obra tão grande assim, mas como está no contexto de escassez de mão de obra, vai exigir muita disciplina e controle para ser executada", diz o engenheiro e presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná, Valter Fanini.
Solução próxima
A engenharia financeira que Atlético, estado e prefeitura encontraram para garantir R$ 135 milhões, por meio de potencial construtivo, já não vale mais. As novas exigências da Fifa, publicadas no início deste ano, adicionaram R$ 85 milhões ao orçamento. Fato que exigiu que as três partes se lançassem em busca de uma solução.
A saída parece estar próxima de um fim e corre por dois caminhos. O primeiro é a negociação com a Fifa para que as exigências sejam flexibilizadas e, portanto, a estimativa financeira volte ao patamar anterior. A segunda passa pela participação da construtora OAS, que está disposta a investir recursos próprios no estádio.
"O COL [Comitê Organizador Local] deixou claro que muitos dos pedidos que estávamos entendendo como exigência eram apenas sugestões. O COL tem sido um bom parceiro e está compreendendo a situação, abrindo mão de algumas coisas", diz Cunha.
A respeito da modelagem que envolve a construtora, o secretário se mostra confiante. "Avançamos 60% nas negociações e até o fim desta semana teremos novidades. Acredito que até o final de junho ou começo de julho as obras comecem."
PF pede licença para instalar antena
A Superintendência da Polícia Federal (PF) solicitou à Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba licença para instalar uma antena com 60 metros de altura. O equipamento de radiocomunicação será montada em um imóvel próprio da União, no bairro Hauer. Segundo a PF, trata-se da primeira ação efetiva de segurança com vistas à Copa do Mundo em 2014 em Curitiba, que será uma das cidades-sede da competição. A PF solicitou tramitação prioritária do requerimento, com apoio em norma municipal que garante celeridade na apreciação de quaisquer providências ligadas aos preparativos para a Copa.
Atrasos devem render puxão de orelha em Brasília
Da Redação
A presidente Dilma Rousseff promete dar um puxão de orelhas em governadores e prefeitos que representam as 12 subsedes da Copa do Mundo de 2014 em reunião marcada para hoje, às 15 horas, em Brasília. Nove governadores e 11 prefeitos confirmaram presença, entre eles o governador do Paraná, Beto Richa, e o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci.
Segundo fontes ligadas ao governo, a presidente está muito irritada com o atraso nas obras. São Paulo e Manaus são as duas capitais mais críticas em relação ao cronograma de preparação para a Copa. Belo Horizonte e Salvador são as duas mais adiantadas.
No encontro, Dilma vai apresentar uma série de queixas, avisando inclusive que a cidade que não apresentar condições poderá ficar de fora da Copa. O que Dilma quer evitar é que o governo federal seja obrigado a assumir o ônus político pelo atraso de obras e soluções que não são da sua responsabilidade.
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Interatividade
De quem é a culpa pelo atraso nas obras da Copa em Curitiba? E pelos problemas na conclusão da Arena?
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